Room 304

 - eu.. tinha 15 anos e tinham passados poucos meses depois do meu pai ter morrido. eu tinha ido sair com uns amigos e bebi e fumei.. droga - encolhi os ombros - naquela altura nao passava um dia sem fumar algo, quase que me tornava viciada e tipo eu roubei um carro que estava na rua, por pura diversao.. apeteceu.me e eu meti.me atras do volante, feita parva e fui conduzir pelas ruas de onde morava e atropelei uma pessoa e deixei.a la, fugi e nem sei o que se passou. so me lembro do embate, passar por cima do corpo com as rodas, entrar em panico e fugir a pe - engoli em seco

Deixei-me ficar a ouvir o que ela dizia, muito atento, arregalando gradualmente os olhos enquanto ela prosseguia na sua história. Não sabia muito bem como comentar tal coisa. Não sentia nojo dela, muito menos querer afastar-me dela. Mas era de facto, algo de que eu não estava à espera de ouvir. Sem me aperceber, tinha ficado calado, a olhar os seus cabelos

engoli em seco quando vi que ele ficou calou - eu sabia, eu nao devia ter contado nada - levantei.me e comecei a vestir.me - eu sabia que me ias odiar - resmunguei - eu devia ter ficado calada

Arregalei os olhos quando a ouvi e vi levantar-se. Levantei-me de seguida e puxei-a contra mim, abraçando-a com força e ternura - Shh.. Nada disso, nada disso princesa. Achas mesmo que te vou odiar? Eu não me vou afastar de ti por causa disto, e não te odeio. Nada disso. Simplesmente era algo que não esperava ouvir, só isso. Está tudo bem princesa - Murmurei, acarinhando-a

 - nao, nao esta tudo bem. nota.se que nao esta tudo bem. - afastei.o dos meus braços e continuei a andar pelo quarto a procura da roupa e a vestir.me - eu vi a cara com que ficaste quando eu acabei de contar, tu ficaste com a cara horrorizada

- Não, isto não foi a minha expressão de horrorizado, foi a minha expressão de surpreso. Por favor, pára de andar às voltas pelo quarto, está tudo bem - Voltei a aproximar-me dela e fi-la encarar-me - Está tudo bem princesa.. Isso não me vai afastar de mim ou mudar o que sinto por ti - Murmurei sincero

 - roy eu nao sei se matei uma pessoa, eu nao sei o estado em que ela ficou. se ficou bem ou mal, nao sei de nada - arregalei os olhos para ele - como podes dizer que nao mudou nada ? eu podia ter sido presa se tivesse sido descoberta. e se eu matei a pessoa ? isso faz de mim uma assassina - apontei para o meu peito - nao digas que nao mudou porque mudou

- Não, não mudou. Tu não és uma assassina, tu nem sequer estavas sóbria, não o fizeste de propósito, Thea. E não, não mudou nada. Eu continuo a gostar de ti da mesma forma, e a desejar-te da mesma maneira, tal e qual como antes de me teres contado isto.. Eu estou a falar mesmo a sério, não estou a mentir, Thea. Não mudou nada.. - Falei-lhe sincero

 - eu consegui ver no teu olhar, eu vi. - disse seriamente - ficaste com o olhar de desilusão e de horror, como se eu fosse um monstro - afastei o olhar do dele e suspirei - eu nao quero ouvir mais nada roy - disse, afastando.me

- Eu fiquei apenas surpreso, nada mais! Ou achas que eu agora sou mentiroso? É que se não achas... Desculpa que te diga mas é isso que parece. Eu já te disse que para mim nada mudou! Mete isso na cabeça! Tu convences-te a ti própria que és tão má, que quando alguém te diz que isso que tu contaste não mudou nada do que sentia, tu pensas que te estão a mentir e que não é verdade! Nada mudou, Thea. Eu estou a ser sincero contigo, eu só digo a verdade. Já devias de saber isso... Mas não, achas que estou a mentir - Suspirei e baixei o rosto. Porque é que ela é tão negativa e pessimista com tudo e todos? E, pior ainda, com ela mesma?

 - eu já disse que nao quero ouvir mais nada roy - gritei - nao quero falar - arrumei a cama e deitei.me em cima dela a ver o filme. eu nao ia dar parte fraca e chorar, ia ser como sempre. forte e firme

Assenti e suspirei, o mais discretamente possível. Se não queria ouvir mais nada, tudo bem. Não falarei mais até ordem em contrário. Sentei-me no chão, encostado à cama, vendo também o filme. Se calhar o melhor era ir embora, mas na realidade eu não quero ir. Eu só gostava que ela não fosse tão negativa e pessimista consigo mesma..

abracei os joelhos e pousei o queixo nos mesmos. fechei os olhos com força para reprimir o choro e tentei focar.me no filme mas isso estava dificil. porque e que ele tava a dizer que nada tinha mudado quando eu vira a sua expressao. uma imagem vale mais do que mil palavras e eu sei bem o que vi, ja tinha visto aquele olhar montes de vezes.

Inclinei a cabeça para trás, encostando-a assim à cama. Respirei fundo e fechei os olhos. Eu não a olhei como ela diz. Eu não fiquei horrorizado, nem com nojo dela. Eu fiquei apenas surpreso, era algo que eu não estava à espera. Eu não me vou afastar dela, para mim nada mudou, eu continuo a gostar dela da mesma forma. Porque é que ela não vê isso? Por mais que eu tente dizer-lhe que nada mudou, ela não acredita em mim. É tão frustrante... Quero saltar para cima da cama e abraçá-la com carinho e ternura. Mas não posso, pois se eu o fizer, ela empurra-me para o chão, com certeza..

deixei escapar um soluço e mordi o labio, escondendo a cara nos joelhos. porque é que ele nao ia embora ? era muito mais facil para mim mas tamgem nao o ia mandar embora, nao tinha coragem de o escurraçar do quarto ou de o mandar embora a pontape. encolhi.me na cama, abraçando a almofada.

Não sabia o que fazer. Não sabia mesmo. Por um lado eu queria ficar, eu queria mimá-la, queria dar-lhe carinho... Mas por outro lado, eu sentia que tinha de ir embora. Sentia que era isso que ela queria, naquele momento. Levantei-me lentamente e sentei-me na beirinha da cama, tocando levemente no seu braço - Thea.. - Murmurei, na esperança que olhasse para mim

nao lhe respondi, nao me mexi e ate parece que deixei de respirar. esperei que ele se fosse embora, dissesse alguma coisa ou assim mas eu nao mexi um musculo que fosse e nao ia mexer. nao queria encara.lo agora

Dei-lhe um beijinho no topo da cabeça e suspirei - Amo-te. - Murmurei baixinho, acariciando o seu braço docemente. Levantei-me então e virei-lhe costas. Caminhei até à porta e coloquei a mão no puxador. Antes de a abrir, voltei a olhar para Thea. Ela permanecia igual. O melhor mesmo é eu sair. Abri a porta devagarinho, e acabei por sair então do quarto.

deixei os soluços sairem quando ele se foi embora e nao contive as lagrimas, chorando. por isto e que eu nao queria ter ninguem, nao queria apaixonar.me para depois nao chorar ou nao magoar a outra pessoa. peguei no candeeiro ao lado da cama e num ato de raiva atirei.o a parede, despedaçando.o

Depois de sair do quarto, preparei-me para começar a afastar-me do mesmo. Mas entretanto, ouvi-a a chorar, e ouvi algo cair e partir-se. Não me consegui conter e acabei mesmo por entrar de imediato, fechando a porta desajeitadamente atrás de mim. Caminhei até ela apressadamente e fi-la encarar-me - Oh meu deus, estás bem? Magoaste-te? Por favor não chores princesa, por favor, não chores..

levantei.me e comecei a apanhar os cacos, nao me importando se me cortava ou nao - deixa.me, larga.me - continuei a apanhar o candeeiro que tinha partido entre lagrimas e soluços

- Por favor, pára - Pedi-lhe, tirando-lhe os cacos do candeeiro das mãos, pousando-os na mesa. Segurei-a pelos braços com cuidado, fazendo-a ficar quieta - Pára.. Porque estás a chorar? Por favor, fala comigo..

 - larga.me roy, larga - mandei quando ele me agarrou - eu tenho de arranjar o que estraguei, deixa.me - tentei soltar.me dos seus braços - eu nao quero falar com ninguem, eu quero estar sozinha. eu tenho de estar sozinha - acabei por cair no chao, abraçando os joelhos

continuei a chorar agarrada aos joelhos e afastei.o - eu nao respondo a porques, eu sou assim e ponto - disse entre soluços - nao devias ter voltado, porque é que o fizeste ?