Room 304

- Porque te amo e quero-te bem. Não te quero magoada, triste ou a chorar por causa de mim. Eu já me expliquei, mas tu simplesmente não me queres ouvir.. - Disse-lhe calmamente, olhando.a

- entao eu nao quero que me ames, eu nao quero que ninguem me ame - limpei os olhos e tentei controlar o ataque de panico que estava a ter - eu nao quero ninguem, eu nao preciso de ninguem e eu nao estou nada dessas coisas, eu sou mais do que forte, nao choro. - limpei as lagrimas

Olhei-a calado, sem saber mais o que dizer. Quem chorava não tarda era eu, por não saber mais o que fazer, como a fazer sentir bem. Nada do que eu fazia ou dizia a fazia sentir-se melhor. Mordi o lábio e contive-me - Então se não precisas de mim, significa que não me queres aqui

nao respondi ao que disse e apenas continuei a apanhar os cacos, reparando que a minha mao tinha pequenos cortes que sangravam mas nem me importei. tentei ficar focada naquilo, apertando um bocado de loiça na mao quando as lagrimas invadiram de novo os olhos

- Quem cala, consente. - Murmurei sem a olhar. suspirando depois. Não, também não vou ser eu a dar a parte fraca. Se não me queres aqui, não ficarei. Não vou ficar num sítio onde não me querem. Não vale a pena eu dizer mais nada, pois não vai valer de nada. Porque para ela, nada do que eu diga tem valor. Talvez eu também não tenha valor. Caminhei para a porta e antes de a abrir, olhei para trás, por cima do ombro. - Adeus, Thea - Murmurei, abrindo a porta. Chamei uma empregada e pedi que a fosse ajudar, e de seguida fui embora

chegamos ao meu quarto, demorando mais que o costume mas isso era normal. - ahm pronto, ja estou aqui - desencostei.me dele e apoiei.me na porta. ele nao podia ver a confusao que estava dentro do quarto. garrafas por todo o lado, roupas espalhadas por todo o quarto, cama por fazer

Inclinei a cabeça para o lado e espreitei para dentro. Conseguia ver mais ou menos por cima dela, pois sou um pouco mais alto. Arregalei os olhos ao ver toda aquela confusão e depois voltei a olhar para ela - Thea..?

 - diz - fechei mais a porta atras mim apenas para sobrar uma fresta minuscula e ele nao poder ver o que se passava la dentro - obrigada por me teres trazido ao camarote

- Que desarrumação é essa, Thea? Que garrafas são essas? - Perguntei, abrindo um pouco mais a porta - Não estejas a esconder.. E de nada, não tens de agradecer

 - nao e nada, podes ir embora. a tua vida vida e aproveitar o resto da noite - voltei a fechar a porta - obrigada por me teres trazido, obrigada pela ajuda - fiquei a olhar para ele, esperando que se fosse embora

- Não digas que não é nada, eu sei bem o que estou a ver e não sou cego, Thea - Afirmei, suspirando depois - Passaste os dias todos a beber trancada no quarto?

- tu nao viste nada, tu vais.te embora como se nao tivesses visto nada e vais divertir.te que eu fico aqui. - disse seriamente - sim fiquei a beber, bebi litros e litros de alcool

- Estás a gozar, né? É que só pode. E ainda o dizes como se nada fosse! - Afirmei igualmente sério e tentei entrar mas ela não me deixou. A sério? Estou a tentar ajudá-la e é assim? - Como queiras, Thea. Como queiras - Suspirei pesadamente e dei um passo para trás

 - para mim nao e nada, eu ja te tinha dito que era alcoolica. bebo quando tenho problemas, bebo quando tou feliz, bebo quando tou chateada, bebo por tudo e por nada. é isso que queres na tua vida ? uma alcoolica ? uma drogada ? - perguntei - é isso que queres ? - abri a porta completamente - podes olhar a vontade porque se queres assim tanto continuar comigo, este vai ser o teu futuro

Respirei fundo e controlei-me, olhando depois rapidamente para o quarto, retornando a olha-la - Quantas vezes é que eu tenho de te dizer que isso não me importa, Thea? Quantas vezes mais tenho eu de dizer o mesmo?

 - aposto que daqui a 10 ou 15 anos vais retirar o que acabaste de dizer. chegar a casa e ver esta cena todos os dias, que tal é ? - perguntei - ter alguem que te ama mas que o alcool é o numero um na sua vida

- diz.me a sensaçao, estas a ver agora. a pessoa de quem gostas, vieste traze.la ao quarto e o quarto dela esta neste estado e ela esta completamente bebeda - apontei para o quarto - va roy, diz qual é a sensaçao. é má ? horrivel ?

- Não. Não é má, nem horrível. É apenas preocupante. Fico preocupado contigo ao ver esta bagunça toda, ao ver-te assim. Deixa-me apenas extremamente preocupado, Thea - Afirmei, acabando por entrar no quarto

- porque é que te preocupas ? - perguntei, começando a bater.lhe nas costas - tu devias odiar.me, desprezar.me, ter nojo de mim, querer.me longe - disse enquanto lhe continuava a bater com os punhos, o que duvidava muito que o magoasse

Respirei fundo e virei-me para ela, segurando os seus pulsos cuidadosamente, para que parasse - Porque eu gosto de ti, Thea. E muito. Já devias de saber disso, eu já to disse milhares de vezes.. - Afirmei sincero, olhando-a nos olhos

continuei a bater.lhe mesmo quando agarrou os meus pulsos, começando a chorar - tu devias odiar.me - desisti de o soquear , baixando os braços enquanto chorava

Puxei-a contra mim e abracei-a com carinho durante alguns momentos. Deixei que chorasse contra o meu peito e mexi-lhe nas costas e nos cabelos por vezes. Fi-la encarar-me e limpei as suas lágrimas - Mas não odeio, Thea.. Nem vou odiar, mesmo daqui a quinze ou vinte anos, eu vou gostar de ti, sempre - Murmurei sincero, dando-lhe um beijo na bochecha

agarrei.me a sua camisa, chorando que nem uma bebe - tu tens de me odiar - continuei a dizer entre soluços contra o seu peito - tu devias odiar.me depos do que viste e do que te disse - os soluços estavam descontrolados, eu estava descontrolada, estava um caco - vai.te embora e odeia.me - pedi

- Não vou, Thea. Eu não vou embora. Tu sabes que eu não vou.. Sabes que vou ficar aqui contigo - Afirmei, abraçando-a com força e carinho, dando-lhe beijinhos de vez em quando - Tu tens descansado?