Room 303

Abanei a cabeça e olhei para ele, sentando-me na cama a observá-lo.
- Tu estás a gozar comigo, só pode... - murmurei, incrédula. - Eu não te chamei idiota para te ofender! - levantei-me e agora era eu quem reunia as suas coisas. - Não vou passar a minha vida a repetir o que sinto por ti, Ethan. Não assim. - suspirei, derrotada, e quando reuni as minhas roupas, fui até à casa de banho e entrei na mesma. Depois de trancar a porta, comecei a vestir-me, respirando fundo para me controlar.

Estremeci com o seu tom de voz elevado e saltei quando a porta abanou, já que ele deu um murro ou um pontapé na mesma, não conseguia diferenciar.
Respirei fundo, controlando a minha vontade de gritar, e sentei-me encostada à parede, abraçando os joelhos. As memórias do passado começaram a atormentar-me e, quando dei por mim, as lágrimas rolavam pelas minhas bochechas, sem esforço, pelo que permaneci em silêncio, sem me mexer.
- Deixa-me em paz. - acabei por pedir numa voz sofrida, tentando afastar todas aquelas más memórias. Aquele tom de Ethan assustava-me, e o facto de ele ter batido na porta era o que me estava a deixar assim, com medo de sair dali de dentro, com medo que a sua raiva se revelasse contra mim.

Esperei uns minutos até tudo o que eu conseguia ouvir era o simples silêncio.
Levantei-me e aproximei-me do espelho, limpando a cara. Depois de estar mais recomposta, abri a porta com cuidado, espreitando para o quarto e vendo-o vazio. A porta que dava para a varanda estava aberta, no entanto, mas isso não me impediu de abandonar a casa de banho. Pousei a sua camisola que ele me emprestara na noite anterior, em cima da cama e, depois de pegar na mala, caminhei para a porta.
Suspirei e abri a porta do quarto, decidida que o melhor era ir-me embora de vez. Ele eventualmente arranjaria alguém com quem se divertir, e o mundo não pararia de girar por causa disso.