Discoteca

-Agora não me consigo lembrar. Para de me fazer pensar! - reclamei com ele, recostando-me por completo no sofá. Estava quase no colo dele mas ele não parecia estar incomodado por isso deixei-me estar - Claro. Mas não há nada melhor que ficar com ele diretamente, não é verdade? - estudei a expressão dele.

-Tu pensas? - brinquei e acabei a minha bebida, pousando o copo na mesa que estava à nossa frente - E como é que tu pensas fazer isso? - perguntei virando-me para ela, olhando-a de cima abaixo. Aquele vestido ficava-lhe mesmo bem, mas acho que sem ele, ela ainda ficava melhor.

-Penso. - semicerrei os olhos. Segui o olhar dele, que estava praticamente a despir-me - Para com isso! Estás a incomodar-me. - dei-lhe uma chapada leve na cara - Estava a pensar em beijar-te mas agora portaste-te mal já perdi a vontade. - fiz cara de amuada.

-O que é que eu fiz? - eu juro que as mulheres me deixam super confuso - Ah afinal pensas - voltei a passar o meu dedo pela perna dela e fiquei a olhá-la - Fica sexy quando estás amuada.

-Estás a olhar-me como se eu fosse um pedaço de carne e eu não sou. - dei-lhe uma palmada na mão assim que o dedo dele começou a rondar a minha perna de novo - Não me toques nas pernas! Não me toques de todo! - fulminei-o com o olhar - Ai é? Que bom para ti. - respondi desinteressada.

-Nem por isso - e a miúda difícil tinha voltado - Okay, tenho as mãos só para mim - passei as mãos pelas minhas pernas e comecei a batê-las ao som da música - Não é só para mim - olhei para um gajo que estava a olhar para a Madison. Ganda aborto.

-Muito bem. Assim está melhor. - apesar de não o querer fazer e estar a lutar contra isso o estúpido do meu olhar seguiu as minhas novas melhores amigas que ficaram pousadas nas pernas dele. Ai aquelas veias. Desde quando é que veias são atraentes? Nele eram - Não é só para ti? - perguntei confusa. Olhei na direção que ele estava a olhar e vi um rapaz a olhar para mim. Acenei-lhe com um ar sedutor de propósito para irritar a aberração sentada a meu lado.

Ela acenou-lhe mas não me fez diferença nenhuma. O sujeito aproximou-se de nós e dirigiu a palavra ao pigmeu:
-Como é que tu te contens com um deus do sexo ao teu lado? - perguntou com a voz mais esganiçada que eu alguma vez ouvi. Desta é que eu não estava à espera.
Arregalei os olhos e afastei-me do gajo, ele ainda me violava!

Arregalei os olhos. Porra! O raio do moço era gay. Só me faltava mais esta - Ele? - apontei para Simon - Deus do sexo? Não devemos estar a falar da mesma pessoa com certeza. - encolhi os ombros. Agora ainda tinha ficado mais chateada. Nem sequer tive vontade de me rir com a reação de Simon - Falem, conheçam-se melhor. - dei-lhes o sorriso mais falso de sempre e levantei-me daquele sofá indo par outro.

A gaja ficou mesmo bifada com o gay. Merda.
-Ahh, eu não sou gay, desculpa - levantei-me dali o mais depressa possível, passei por onde tava a Madison, agarrei-lhe na mão e puxei-a dali para fora.
-'Tás doida? Qual é a tua de me deixares ali com a bicha?

Revirei os olhos quando vi Simon vir na minha direção. Dali não vinha coisa boa. Bingo! Agarrou-me e levou-me dali para fora - Primeiro: não fales dele assim. E segundo: só te fiz um favor. - sorri cinicamente, soltando-me da mão dele.

-Que favor? Estás maluca? - arregalei os olhos -Olha está a ficar tarde, eu vou é andando. Até depois - disse, completamente passado. O meu historial com gays não era nada bonito.

-Nunca estive mais sã. - resmunguei com os braços cruzados junto ao peito. Abri a boca incrédula com o que ele tinha dito - Não te incomodes. Quem se vai embora sou eu.- descalcei as sandálias, voltando à minha altura normal e andei disparada na direção do navio. Anormal! E eu a pensar que ele se calhar até era decente!

Bufei quando ela começou outra vez com as maluquices dela. E não sei o que me deu, mas fui atrás dela, agarrei-lhe na mão, virei-a para mim e beijei-a durante uns breves segundos.
-Sabes onde me encontrar - disse contra os lábios dela e andei em direcção ao meu camarote.

Andei a vaguear pelas ruas da cidade onde estávamos até perto da meia noite. Por essa altura voltei para o barco, mas não para o quarto. Fui para a discoteca e assim que cheguei pedi logo uma garrafa inteira de uma bebida qualquer que para lá me aconselharam. Não era de beber e muito menos de me embebedar, mas precisava de esquecer e desanuviar a cabeça. Quando dei por mim já tinha acabado a garrafa, via tudo à roda, e já tinha dançado com uns três rapazes ou mais.

Depois de ter dormido até dizer chega, acordei, jantei e decidi ir para a discoteca, talvez lá encontrasse o que queria.
Fiquei a um canto, a observar quem passava, pensando qual poderia ser a minha próxima vítima.

Estava a dançar com um rapaz qualquer, todo morenaço e jeitoso, quando olhei para o lado e me pareceu ver Simon. Visões. Roubei a bebida a um que passou a meu lado e emborquei-a logo toda, fazendo uma careta.

Assim de repente, reparei que o pigmeu estava ali. Ri-me da figurinha dela e marquei cada movimento que ela fazia.
Abanei a cabeça quando ela roubou uma bebida de um gajo e deixei-me estar ali.

Afastei-me um pouco assim que o meu companheiro de dança ameaçou beijar-me - Não, nada de beijos. - disse, lembrando-me de Simon. Mas porquê lembrares-te de um anormal quando tens um talvez menos anormal à frente? Voltei a aproximar-me do rapaz e lá deixei que ele me agarrasse como queria. Ri-me à gargalhada quando tropecei nos meus próprios pés e só não caí porque ele me apanhou.

Comecei-me a rir que nem um doido, quando ela quase caiu.
Ia-me levantando para a ir apanhar, mas o gajo com quem ela estava fez esse trabalho.
Decidi não beber nada naquela noite, para não dormir mal disposto.

Fiquei a dançar com esse mesmo rapaz durante mais algum tempo. Acabei por me irritar com ele, que me conseguiu beijar assim que me apanhou desprevenida, e larguei-o. Tentei continuar a dançar sozinha mas sem alguém a agarrar-me as minhas pernas não aguentavam. Acabei por desistir e ir para os sofás. Deitei-me num de barriga para cima e fechei os olhos.

Ela ainda continuou a dançar durante mais uns instantes, mas deve-se ter fartado e foi-se deitar num sofá.
Levantei-me, passei por ela, espetei um dedo na barriga dela e sentei-me num sofá mais afastado a olhar para o ar.

Sentei-me no sofá muito direita e de olhos arregalados quando alguém me tocou na barriga. Mas quem teria sido? Olhei em volta e rapidamente descobri o culpado. Revirei os olhos, tinha ido ali para não o aturar mas lá estava ele para me estragar a noite. Levantei-me e fui até ele, tentando não tropeçar muitas vezes - Podes parar de me incomodar? Obrigada.

-Hã? - perguntei fazendo-me de desentendido - Eu nem me meti contigo!
Peguei no meu telemóvel e comecei a jogar uma cena qualquer.

-Claro que não. - ironizei. Tirei-lhe o telemóvel da mão. Primeiro chateava-me e agora tinha a lata de se pôr a jogar? Engraçado - Não jogues essas merdas enquanto estás a falar comigo se faz favor. - prendi o telemóvel no meu decote antes que ele tentasse tirar-mo - Dou-to no final da noite se te portares bem. - virei-lhe as costas.