Discoteca

Corri, literalmente, para o barco. A primeira coisa que fiz assim que cheguei ao quarto foi a roupa toda. Enfiei um vestido qualquer e umas sandálias de salto, pois não tinha tempo para engonhar. Suspirei quando cheguei ao restaurante e vi que eles já não estavam lá. Merda! Ia levar um raspanete dos grandes. Nem tive coragem de ir procurar os meus pais e irmã. Aproveitei que estava bem vestida para ir à discoteca.

Depois de ter jantado, fui dar uma volta pelo navio para o conhecer melhor e por final fui até à discoteca.
Não era muito de dançar, mas curtia ver as gajas a esforçarem-se para impressionar e a fingir que estavam bêbedas.
Sentei-me num banco e fiquei a mirar.

Após levar vários encontrões dos gigantes que por ali andavam consegui finalmente chegar à zona dos assentos. Achei melhor não pedir uma bebida. Estava sozinha e sem ninguém para me controlar e arriscava-me a ver os meus pais, por isso não convinha estar tocada. Sentei-me e mexi no telemóvel.

Estava distraído a olhar para o nada, quando senti presença ao meu lado. Olhei e era o pigmeu.
-Vieste trazer-me as gomas, foi?

Estava entretida a jogar um joguinho qualquer quando ouvi uma voz muito rouca ao meu lado. Dei um salto no banco e olhei para o lado. Revirei os olhos - Não. Vim ver se conhecia alguém um bocadão menos irritante.

Ri-me com o salto que ela deu e respondi:
-Então não sei como vives contigo mesma.
Peguei no meu telemóvel e vi uma MMS com uma foto do meu pai e da minha madrasta, a dizer que já tinham chegado a África. Sorri para o telemóvel e guardei-o no bolso.

-Sempre tão engraçado. - fingi um sorriso. Espreitei para o telemóvel dele e vi a foto de um senhor com uma mulher - Quem é esse? - não consegui conter a minha curiosidade - É o teu pai? - avô não podia ser, era novo de mais.

-Cusca - brinquei - E sim, é o meu pai, não vês que somos iguais?
Mostrei-lhe melhor a foto e ajeitei-me no banco.

-Ele é sexy. - tapei a boca quando ele disse que eram iguais - Eu quis dizer... que parece ser simpático. - corrigi-me imediatamente.

Contive um sorriso e um comentário porco e guardei o telemóvel.
-Sim, é simpático, é.
Agradecia ao meu pai, o facto de ter herdado a boa aparência dele.

Felizmente ele não comentou o que eu tinha dito. Talvez por não se ter apercebido. Nah, ele era badalhoco, de certeza que tinha - Então, e que tal pagares-me uma bebida? - pisquei-lhe o olho.

-Estás a falar comigo? - perguntei - Depois de ter me teres roubado as gomas, ainda tens a lata de me pedir uma bebida?
-Além disso, não acho que os teus papás fossem gostar de te ver alegre, deve ser um choque!

-Eu não te roubei. - revirei os olhos - Se quisesses podias-me ter tirado as gomas na boa. Tu é que estavas a gostar de me ver comê-las. - acusei com desdém - Como é que sabes que estou aqui com os meus pais? - semicerrei os olhos.

-Mas tu és maluca, eu sei lá o que posso ou não fazer - fiz uma careta -Sim, como se ver-te comer gomas fosse a coisa mais interessante do mundo - preferia que ela estivesse a comer outra coisa - Disse ao calhas, mas agora tenho a certeza.

-Eu estou a dizer que mas podias ter tirado, não que não teria dado luta. - encolhi os ombros. Ainda nem um dia se tinha passado e ele já me dava vontade de me esfaquear - E é. Eu bem que vi essa tua cara de taradinho. - toquei-lhe numa das covinhas com o indicador - Eu não afirmei nada. E os meus pais não têm nada a ver com o que eu faço.

-Por isso mesmo é que eu tive medo, tu deves ter umas garras qualquer vindas da boca ou assim - arregalei os olhos - Mas a minha cara é sempre de tarado*
- afastei-me quando ela espetou um dedo numa das minhas covas - Hmm.


*EXCEPTO QUANDO ESTÁ OCUPADO A SER UMA PRINCESA

-Nah, a única coisa que tenho escondida é isto. - deitei-lhe a língua de fora, fazendo uma careta fofa - Vá lá paga-me a bebida. Estou à espera. - recostei-me no banco, cruzando as pernas - É por isto que eu não sirvo para vestidos. - resmunguei para comigo mesma. Já sabia que não tarda nada me iam doer as pernas mas tinha que estar sempre com elas assim para não se verem as cuecas.

Dei-lhe um meio sorriso quando enfiou a língua de fora, mas nada mais.
-Então podes continuar à espera - só a ia fazer esperar mais um bocadinho, porque até estava a disposto a pagar-lhe a bebida.
-Nem tás mal - encolhi os ombros e olhei para umas gajas que passavam com saias curtíssimas. Eu adorava rabos, mas estas estavam prontas para se oferecer.

-Desmancha prazeres. - cruzei os braços amuada e quando ele me disse que não estava mal levantei-me e pus-me em frente dele - Não estou mal? Olha. - apontei para mim e dei uma volta - Calças de fato de treino são muito mais fixes. Já viste se tenho que lutar com alguém? Vêm-me as cuecas! Eu tenho uma reputação a manter. - pus as mãos na cintura.

Abanei a cabeça negativamente quando ela me fez a pergunta - Estou a olhar.
-Um: calças de fato de treino são confortáveis. Dois: quem é que se vai meter com um pigmeu do teu tamanho?

-Quando eu disse fixes quis dizer confortáveis. Também não percebes nada! Se te abrisse aqui as pernas nem precisavas de pensar, percebias logo. - amuei de novo - E podiam-se meter comigo sim. Tarados como tu.

-Eu estava a concordar contigo, mas se as quiseres abrir, não te impeço - olhei-a de lado *buésexytásaver?* - Como eu? Se se aproximassem tarados como eu, devias estar tudo contente para sempre.

-Humhum como se eu fosse abrir as pernas para ti. - ri-me. Ele era de facto muito engraçado. Sentei-me outra vez mesmo a tempo de o ver a olhar-me de lado. Okay, talvez ele tenha um bocadinho de razão e seja sexy - Claro. Não consegues sentir a minha excitação no ar?

-Nunca digas nunca - pisquei-lhe o olho - Por acaso consigo, estás deserta para me meteres as mãos em cima - disse-lhe ao ouvido, com a minha voz rouca.