Discoteca

-Ah, então sou menino bonito? - passei a língua pelos meus lábios - Mas eu não quero ser assustador - fiz uma cara de wtf - Eu vou parar, mas se tu quiseres continuar, estás à vontade.

-És um menino. Bonito foi forma de expressão. - dei a volta à coisa sem demonstrar qualquer sinal de fraqueza. Com ele tinha que ser assim, se não estava lixada - Não te iludas, Simon. - respondi-lhe em italiano, desta vez de propósito - Eu paro também. Não vale de nada ficar aqui se não tenho estas duas para me agarrar. - pus as minhas mãos por cima das dele.

-Menino -ri-me - Eu? Claro.
Revirei os olhos quando ela começou a falar italiano.
-Queres saber, o que mais estas mãos sabem fazer? - perguntei, para a picar e comecei a andar para trás e indo vendo por onde estava a andar. Sentei-me num sofá lá algures e sentei-a ao meu lado, mas sem a largar, senão ainda me batia.

-Exatamente. Ainda és um menino. - estiquei a mão e toquei-lhe nas duas covinhas. Fingi que não tinha percebido que ele tinha ficado incomodado com o facto de eu ter falado italiano. Deixei que ele nos conduzisse até à zona dos bancos e assim que nos sentamos observei atentamente a mão dele na minha coxa. Era enorme, quase do tamanho da minha coxa inteira. Levantei o meu olhar ardente para o dele - Talvez mais tarde. - mordi o lábio - Ou nunca. - ri-me.

-Claramente, não me conheces - fiz uma careta quando ela tocou nas minhas covinhas e comecei a brincar com o pano que tava nas costas do sofá onde Madison estava sentada. A outra mão estava pousada na coxa dela. Quase me ri, por a ocupar quase toda.
Reparei que ela estava mais quente e que a respiração dela tinha acelerado ligeiramente.
-Nunca digas nunca.

-Conheço-te muito melhor do que pensas, Simon. - respondi em italiano. Adorava falar com ele na minha língua, podia dizer o que quisesse e era giro ver o modo como ele reagia - Isso é o teu lema então, hun? - sorri.

-Importas-te de parar de falar italiano? - pedi - Eu gostava de poder perceber o que estás a dizer maior parte do tempo.
-Não, eu não tenho nenhum lema, eu danço conforme a música que me dão.

-Eu gosto de falar em italiano. - fiz beicinho - Eu disse que te conheço melhor do que pensas. Simon. - pronunciei o nome dele demoradamente desta vez sem conter o sotaque como tinha feito na primeira frase. Deslizei a mão para cima da dele, passando as pontas dos dedos ao longo desta - Interessante. - observei perdida na mão dele.

-Tu não sabes nada sobre mim, Madison - olhei para ela seriamente. Engoli em seco quando ela disse o meu nome com aquele sotaque acentuado. Queria ouvi-la gritar o meu nome daquela maneira, ali e naquele momento.
-O que é que é interessante? - perguntei enquanto ela tocava na minha mão.

-Sei. - coloquei a mão por completo na dele, apertando-a ao de leve - Esses olhos mostram muito mais do que pretendes. Pelo menos agora estão a mostrar. - subi o olhar até ao dele, fitando os olhos verdes dele durante tempo indeterminado. Era viciante, não conseguia parar - Tu és interessante. - voltei a dedilhar a mão dele.

Agarrei na mão de Madison, quando ela colocou a dela sobre a minha.
-Será que é mesmo o que tu pensas que eu estou a pensar? - olhei também para os olhos dela e reparei que também eram verdes, mas não mostrei a minha surpresa.
- Sou? Porquê? - perguntei curioso.

-Tenho a certeza. - a maneira como ele me olhava era simplesmente indescritível. Parecia que o olhar dele me conseguia penetrar a alma. Pelo menos era assim que eu me sentia, nua, apesar de não estar. Tinha deixado de ouvir a música, só o ouvia a ele, estava presa - Não sei. És intrigante. E isso interessa-me.

-Então diz-me, o que é que tu achas que eu tenho em mente agora?- perguntei e continuei a olhar para ela, quase que a despia com o olhar - Tu também não és má de todo - passei a língua sobre os meus lábios, muito lentamente, sem deixar de a olhar.

-Os teus olhos... - mordi o lábio antes de continuar. Conseguia sentir a minha respiração acelerar tal como a batida do meu coração e conseguia sentir o meu corpo cada vez mais quente - Os teus olhos dizem-me que me queres beijar. - desci o olhar para os lábios dele. Terreno perigoso. Subi de novo o olhar para o dele.

Não era mentira nenhuma, mas decidi não revelar muito.
-Não estarás a ver os teus desejos refletidos nos meus olhos? - perguntei e fiz questão de mexer os lábios quando a notei a olhar para os mesmos.

-Não. - respondi à pergunta dele sem vacilar, mantendo os nossos olhares um no outro. Aquele movimento dos lábios dele tinha sido suficiente para que eu não me atrevesse a voltar a olhá-los - Eu não te quero beijar. Nem um bocadinho. - proferi com a mesma voz decidida.

Limitei-me a levantar só uma sobrancelha.
-Tu dizes uma coisa, mas o teu corpo diz outra - disse ao seu ouvido e afastei-me, tirando as minhas mãos de cima dela.

-O meu corpo não fala. - fingi-me desentendida. Sabia lá ele o que é que o meu corpo estava a dizer, olha-me este. Tem a mania que é o Sherlock. Arrepiei-me toda com ele a falar-me ao ouvido. Se aquela voz já era tortura normalmente então assim tão perto ainda era pior - Porque é que me largaste? - perguntei de sobrancelha erguida.

-Todos os corpos falam - pisquei-lhe o olho e ri-me - Estás arrepiada outra vez - passei levemente um dedo pela perna dela - Já estás com medo que alguém te venha raptar?

-O meu não, é silencioso. - contrariei-o, seguindo com o olhar o dedo que ele tinha colocado na minha perna -Não estou. Estás a imaginar coisas, é uma ilusão. - o dedo dele só me estava a fazer arrepiar ainda mais e para além disso fazia cócegas - Para! -agarrei-lhe na mão de repente - Estou. - ri-me baixinho.

-Ninguém disse que os corpos emitem sons a falar.
-Porquê? Eu estou-me a divertir! - continuei com o meu dedo, mas ela agarrou-me a mão - Desmancha prazeres.
Estava-me a dar tanto gosto ver o estado em que eu a estava a deixar.

-Tu é que és desmancha prazeres não sou eu. - revirei os olhos. Pus também a minha outra mão na dele porque uma não chegava para a agarrar. Abri-lhe a mão e fui-lhe tocando, explorando-a - Preciso de uma bebida. - levantei-me de um salto e fui até ao balcão. Comprei duas bebidas para nós e voltei para junto dele - Despacha-te se não eu bebo também a tua. - levei o meu copo à boca e bebi tudo de uma vez.

-Que prazeres é que eu desfiz? - perguntei divertido e observei enquanto ela manuseava as minhas mãos - Okay - respondi e ela levantou-se para ir buscar bebidas. Ai que cu minha nossa.
Agarrei na bebida que ela me deu para a mão e comecei a bebê-la.
-Já não te chega teres-me roubado as gomas?

-Desfizeste os meus prazeres. - deixei-me cair no sofá um pouco perto de mais dele do que pretendia. Azar, agora também já não me mexo daqui. O meu rabinho precisa de descanso. Olhei-o de relance. Até com uma merda de um copo de plástico na boca ele ficava tentador - Mas as bebidas fui eu que paguei. - quando ele parou de beber tirei-lhe o copo da mão e dei dois goles, devolvendo-lho e piscando-lhe o olho.

-Mas vais ter de me explicar que prazeres são esses, talvez te possa trazê-los outra vez - ela sentou-se e ficou colada a mim, mas também não me importei em afastar - Hmmm - ia para dar outro golo, mas o pigmeu tirou-me o copo da mão e deu uns goles - Divertes-te a ficar com o meu ADN?