Room 101

- Não.. Não vou parar.. Preciso de um Yinzinho para o meu Yangzinho.. Ou é ao contrário? - Fiz uma careta e ri baixo e discretamente - Nunca sei, acabo sempre por trocar.. - Murmurei meio atrapalhado, acabando por a beijar calma e intensamente de seguida. Segurei no seu rosto com ambas as mãos e acariciei levemente as suas faces - Eu amo-te.. Fica comigo.. Eu posso fazer-te feliz e fazer essa dor desaparecer.. Por favor..

- ninguem consegue fazer esta dor desaparecer - disse de olhos fechados - eu nao consigo lidar com isso ao contrario de ti e da aqua que tambem perderam alguem da familia e estao bem, nao se embebedam constantemente so para nao pensarem - suspirei - eu ja nao tenho cura, desculpa

- Tens sim.. Se arranjares algo com que te ocupares, tu consegues.. É por isso que eu tento manter-me sempre ocupado, senão eu certamente estava como tu.. Porque não arranjas um hobbie? Sei lá, um part-time, um desporto qualquer, natação, equitação.. Há tanta coisa.. - Murmurei, tentando convencê-la. Não posso mesmo perdê-la

- nao, hobbies nao - desviei o olhar dele. ainda me lembrava quando mandaram abater o meu cavalo - os hobbies comigo nao funcionam, ja tentei. acredita que o que menos quero fazer é um passatempo - encolhi os ombros e suspirei - deixa.me ir embora - pedi

- Não.. Só se me deixares ir contigo.. Se não deixares eu não te deixo ir.. - Murmurei, olhando as suas mãos enquanto as acariciava com todo o carinho que nutro por ela. Não posso...

- eu nao te vou deixar ir comigo mas eu vou sem ti. eu.. eu nao quero ficar aqui - olhei.o e meti ua expressao seria. a melhor maneira dele me deixar ir era mentir - eu.. - respirei

- Sem mim não vais a lado nenhum.. - Murmurei, olhando-a de seguida. Suspirei e mordisquei levemente o lábio - Tu o quê?

- eu nunca vou ser feliz contigo - tentei manter o tom serio e o olhar tambem - eu nao te amo e nao quero ter nada contigo - assim ele ia deixar.me ir - por isso, o facto de me impedires nao significa nada porque se nao o faço agora, faço depois e tu nem saberas - levantei.me - agora deixas.me ir ? - engoli em seco, pestanejando quando as lagrimas invadiram os olhos, deixando.os brilhantes

Arregalei os olhos quando a ouvi dizer aquilo. Não, não é verdade. Ainda à momentos atrás ela me disse que me amava. E ela estava a ser sincera. Ela só pode estar a mentir, isto não é verdade, não pode ser. Percebi, quando se levantou, que estava a suster a respiração. Respirei fundo e recuperei o fôlego rapidamente, olhando-a de seguida - Não é verdade.. Tu disseste-me à bocado que me amas.. Isso não é verdade. Isso que acabaste de dizer, não é verdade. Não.. Não é. Tu não me irias mentir. Eu vi que estavas a ser sincera quando disseste que me amavas. Tu.. isso que disseste agora é mentira.. - Murmurei, acabando por me levantar também, ficando à sua frente

conseguia perceber o quao hesitante ele estava - nao, eu nao estou a mentir - continuei no mesmo tom. isto era o melhor para ele, ele acreditar no que eu digo. ele acaba sempre por acreditar - eu nao quero ter nada contigo, nao te amo. quantas vezes precisas de ouvir para acreditares ?

- Tu não me mentirias. Não.. - Murmurei, olhando o chão. - Tu mentiste-me? - Perguntei, olhando-a nos olhos. Respirei fundo antes de ouvir a sua resposta. Eu não acredito que ela me tenha mentido e que não me ame. Não faz sentido...

- o que achas ? - perguntei, olhando.o bem nos olhos. esperava que ele nao visse o meu canto do olho molhado ou os meus olhos brilhantes - nao e a primeira vez que te minto, tu e que acreditas sempre em mim

Deixei-me cair no chão, de joelhos - O que é que eu te fiz de mal para me mentires? - Sussurei, olhando o chão. Não lhe fiz nada de mal, muito pelo contrário.. - Foi por te ter empurrado? Foi por ter falado no teu pai? Porquê? Porquê?? Diz-me! - Pedi, olhando sempre o chão

- nao tenho de te dar justificaçoes - encolhi os ombros e dei a volta ao seu corpo - nao devias acreditar tanto nas pessoas - limpei as lagrimas - e nao devias apaixonar.te tao facilmente - abri a porta e olhei.o uma ultima vez

- Este é o verdadeiro Roy. Sou assim mesmo, não mudo.. - Olhei-a de relance e respirei fundo. Voltei a olhar o chão e permaneci calado.

por muito que quisesse morrer e deixa.lo ali eu nao lhe podia partir assim o coraçao. fechei a porta e fiquei a olha.lo, aproximei.me do seu corpo caido e levantei.o ate ficar sentado na cama - e continuas a acreditar em tudo o que digo - acariciei as suas bochechas e beijei.o. podia adiar o que ia fazer por uns dias ou ate chegarmos ao fim da viagem e ele se ir embora

- Era mentira, não era? Porque mentes? Tu sabes que te amo.. Eu não quero que morras, Thea. Não conseguiria suportar tal perda, tal dor.. - Afirmei sincero, olhando-a. Puxei-a mais para mim e abracei-a com ternura

- shhh, vai ficar tudo bem - deixei que me abraçasse, acariciando os seus cabelos - tu vais suportar tudo. nao te preocupes com isso agora - pousei o queixo na sua cabeça e suspirei

- Não, não vai. Se tu fores, nada vai ficar bem... - Murmurei, deixando-me ficar abraçado a ela. Mordi o lábio e fiquei calado por uns momentos.

 - vai ficar tudo bem roy, vai ficar tudo bem - beijei os seus cabelos e encostei a testa a sua cabeça - shh apenas.. fica assim.. - pedi antes que me arrependesse e saisse do quarto para fazer aquilo que tinha planeado

Puxei-a e ambos caímos depois na minha cama. eu fechei os olhos e deixei-me ficar bem agarrado a ela, certificando-me de que ela não fugia

Fiquei a mexer no seu cabelo enquanto ele ficava abraçado a mim. o meu olhar estava fixo num ponto indefinido da cama, pensando em como nao devia ter voltado para tras - tens de me deixar ir para o meu camarote roy

- Não.. - Murmurei baixinho, abraçando-a contra mim mas com cuidado, como se ela fosse um peluche delicado e sentimentalmente valioso. Sentia-me ensonado e não podia dormir. Não posso de forma alguma adormecer.

- entao vou ficar aqui o resto da viagem ? - perguntei - eu nao posso fazer isso - afastei.me ligeiramente - eu prometo que nao vou fazer nada e quando quiseres podes ir la confirmar - nao ia fazer nada ate ao fim da viagem

- Prometes mesmo mesmo? - Questionei baixinho de olhos fechados sem a largar, dando-lhe um beijinho rapidamente - Porque é que já estás a dizer isso? Queres ir-te embora?