Room 311

-Estás a corar - disse entre versos e sorri. Ultimamente andava a sorrir demasiado.
Voltei a girá-la de maneira a ficar de costas para mim. Rodeei a sua cintura e pousei o meu queixo no seu ombro e continuei a cantar.

-Não, não estou. - neguei o óbvio - É que está muito calor. - deixei que ele fizesse o que queria e recostei a cabeça para trás, no peito dele, quando me virou de costas. Agora que ele tinha o queixo no meu ombro ainda conseguia ouvir melhor a voz dele. Tinha acabado de dizer que tinha calor, no entanto, o meu corpo estava todo em pele de galinha.

-Mmmhmm - acenei como se concordasse.
Cheguei a um ponto e deixei de cantar, dançávamos agora ao som do silêncio.

Eventualmente ele parou de cantar. Continuei a dançar e não disse nada. Já era bom suficiente o facto de ele ter feito o esforço e cantado um bocadinho - A tua voz é linda. - disse passado algum tempo de estarmos em silêncio.

-Obrigado - agradeci e fui-me deitar na cama, puxando-a pela mão para cima de mim.
-Estás-me a estragar - murmurei esperando que ela não me ouvisse.

-Não tens que agradecer. - fui atrás dele até à cama. Sorri para comigo mesma quando ele me puxou para cima dele. Ainda bem que agora ele já gostava, ou pelo menos parecia gostar, porque aquilo era uma das minhas coisas favoritas - O quê? - ouvi-o dizer qualquer coisa, mas por estar a pensar não consegui perceber o que era.

-Huh? Nada, estava só a pensar alto - assegurei.
-Ficas sexy com a minha camisa - movi todo o cabelo dela para um lado e beijei o seu pescoço muito suavemente.

-Okay. - se ele dizia que não era nada de importante eu acreditava nele. Sorri, acariciando o cabelo dele e fechando os olhos por causa do beijo dele no meu pescoço - Tu ficas sexy sem ela. - ri-me baixinho.

-Eu sei, não consigo evitar - encolhi os ombros e fiz ar de quem está cansado de ser hot.
-Amanhã vais à piscina? - perguntei.

-Claro, porque é uma grande tragédia o facto de, literalmente, todas as mulheres deste navio olharem para trás quando tu passas. - revirei os olhos - Não sei. - encolhi os ombros - Queres que vá?

-É mesmo, elas podem-se afogar. E tu és a pior delas - beijei a sua bochecha.
Acenei afirmativamente em resposta à sua pergunta.
-Não te vou poder dar muita atenção, mas eu quero que vás.

-Não, não sou! - olhei-o com um ar de espanto - Eu nem preciso de me virar para trás para olhar para ti. Tu certificas-te de que estás sempre em posição de olhar para mim. - sorri convencida - Não faz mal, eu entretenho-me bastante a ver-te ser responsável. Para além disso, quem sabe se não aparece um rapaz giro na piscina. - encolhi os ombros como quem não quer a coisa.

-Acho que é mais ao contrário, eu estou sempre no meu sítio - resmunguei e cheguei-a para mais perto de mim.
-Andas é babar-te com o meu corpo, que eu sei - pisquei-lhe o olho.
Não sei porquê, mas senti ciúmes súbitos quando ela falou noutros rapazes. Quais ciúmes? Não tens nada de ter ciúmes!
-Hmmm - murmurei.

-Isso é mentira. Vês agora? Tu precisas de mim por perto. Admite. - passei a mão pela poupinha que ele tinha feito com o gel - Também, também. - ri-me e dei-lhe um beijo demorado na testa - Por acaso não conheces nenhum rapaz giro? - perguntei muito perto da cara dele.

-Não - neguei.
-Não - respondi outra vez - Ah espera. Eu e o Marcel - disse antes de lhe lamber o nariz.

-Simmm!!!! - fiz beicinho - Mas tu e o Marcel eu já conheço. Quero conhecer outros. - fingi uma cara de safada. Óbvio que eu não queria conhecer outros rapazes. Não quando tinha o tesouro dos sete mares deitado por baixo de mim. E não só em termos de aparência.

-Só estás a dizer isso para me picares, porque eu fui a melhor foda que tu tiveste até agora - disse-lhe ao ouvido antes de morder o lóbulo da sua orelha.

-Foste a segunda e a primeira não contou, porque ele enfiou e desenfiou, literalmente. Não posso comparar com nada. Por isso é que eu devia experimentar outros rapazes. - arrepiei-me quando ele me falou ao ouvido - Está quietinho. - ralhei.

-Desculpa dizer-te, mas eu já te estraguei para os outros homens - sorri convencido - Já mo disseram várias vezes.
-Não - insisti outra vez no ouvido dela.

-Não, não me estragaste! Não estou estragada! Até porque nós não namoramos e por isso não vamos fazer sexo para o resto das nossas vidas. Eu tenho que estar e estou operacional para outras pessoas! - resmunguei - Sim! - virei a cara muito de repente e encostei as nossas testas.

Revirei os olhos ao que ela disse.
-Não me expliquei bem. Nenhum dos próximos homens com quem tiveres irá ser tão bom como eu. Agora comigo não sei, posso arranjar gajas mesmo putas.
-Não - beijei-a repentinamente, já a passar-me.

-Então vai ter com as putas e deixa-me em paz. São elas que te vão dar miminhos e aturar as tuas mudanças de humor! - só o facto de imaginá-lo com outras raparigas deu-me logo vontade de vomitar - Calma, Harold. - disse contra os lábios dele quando atacou os meus. Fiz-lhe uma carícia numa das covinhas com o polegar e beijei-o de forma muuuito lenta e calma.

-Não me apetece.
-Não me digas para ter calma - resmunguei e voltei a beijá-la - Harold? - perguntei afastando-me de repente.

-Claro que não te apetece. A burra da Madison acalmou-te o amiguinho, não foi? - resmunguei. Mas porque é que estás a ser ciumenta? Ele não é teu namorado! - Mas tens que ter calma! - os lábios dele vieram de encontro aos meus outra vez. Estava a gostar muito da língua dele dentro da minha boca mas claro que ele tinha que estragar - Sim, Harold. O teu segundo nome é Harry, logo Harold. Agora beija-me. - passei a língua pelos lábios dele, demonstrando-lhe que queria entrar.

Revirei os olhos ao comentário que ela fez. Será que ela não percebia?
-Não és burra nenhuma.
Fiz uma careta à explicaçao dela e voltei aos beijos antes que ela dissesse mais disparates.