Lounge

- Nada disso, não foi nada do que disseste, Thea.. Foi só que.. Lembrei-me de uma pessoa, só isso. Alguém que era muito importante para mim - Encolhi os ombros e curvei os lábios numa tentativa de sorriso, mas não chegou a ser isso. Suspirei e olhei o mar, sorrindo depois ao lembrar do que Clinton dizia: És tão parolo com as gajas, bro!

- Desculpa - pousei a mao sobre a sua - eu tambem sei o que se sofre quando se perde alguém - admiti. ter perdido o meu pai aos quinze anos foi um grande abalo e foi desde ai que a minha vida deus uma volta de 360 graus

Abanei a cabeça e sorri ligeiramente quando senti o seu toque. Olhei para ela e acariciei a sua mão com a outra - Também perdeste alguém..? - Perguntei quando disse que sabia como é sofrer com a perda de alguém. Eu conheço muito bem essa dor. Demasiado bem, até. E tenho tantas saudades do meu irmão. Por vezes desejava ter sido eu, em vez dele...

- sim, perdi o meu pai - disse, afastando as nossas maos e dando um grande gole na bebida - quando tinha quinze anos - ja tinham passado seis anos mas mesmo assim pensava todos os dias o que aconteceria se ele tivesse ficado connosco em casa. ainda estaria vivo ? ou o destino encontraria maneira de o levar a mesma ?

- Lamento - Murmurei, olhando depois o mar - Eu perdi o meu irmão mais velho... Éramos bastante unidos, muito mesmo.. Pode parecer estranho mas o que nos unia era a cozinha, digamos assim. Não só a mim e a ele, como todos lá em casa. Mas nós os dois... Éramos nós que fazíamos bolos.. Ele morreu num cruzeiro.. - Suspirei novamente, continuando a olhar para o mar

- pois, eu nao era unica com o meu pai pela cozinha - arregalei os olhos. aquilo era um bocado estranho, um homem a fazer bolos na cozinha com prazer - pois, eu e a minha irma eramos as meninas do papa, foi um bocado dificil passar pelo que passamos - suspirei - mas agora tambem nao posso fazer nada

- Compreendo.. É sempre difícil quando perdemos alguém que nos é tão próximo e tão querido.. - Fiz uma pequena careta e encolhi os ombros. Eu realmente só vou buscar temas de conversa que enfim, são péssimos. E "péssimos" é pouco. Olhei para ela - Sim, não há nada a fazer.. Falemos de outra coisa. Não vale a pena estarmos a falar de coisas tristes - Sorri docemente

Levantei o copo e o empregado veio outra vez - acho que isso de temas tristes e uma coisa que me passa ao lado - encolhi os ombros e o meu copo foi cheio com o mesmo liquido de a bocado - ja me afetou mais do que agora, passaram seis anos, tenho de seguir em frente com ou sem pai

- Isso é bom, quando se segue em frente.. Eu pelo menos acho que é - Afirmei baixinho, voltando a encolher os ombros. A sério, Roy. Arranja um raio de tema de conversa decente, porque este não te está a levar a lado nenhum! Meu deus, não tenho mesmo jeito para ser social. Vou morrer sozinho, só pode. Olhei a sua bebida e sorri, nem sei porquê. Mas também, eu sorrio por tudo e por nada. Pensa num tema de conversa Roy, estás-te a enterrar.

- sim, é - encolhi os ombros e fiquei a olhar para o mar. como sempre a vista era linda. agua por todos os lados com a lua bem cheia no ceu. sorri levemente e bebi a minha bebida quase de seguida, sentia.me quente o que era normal depois de tanta bebida. se calhar a bebedeira era o caminho mais facil

Olhei-a de novo pelo canto e sorri. Já nem sei quantos copos é que bebeu. Supostamente eu não tenho nada a ver com isso, mas pronto. É aquele gene que me passou, o gene de deves ajudar tudo e todos mesmo que estejam para lá de bêbados. Ou não. Suspirei e olhei os seus olhos e o sorriso que se formou quando os nossos olhares se cruzaram - Estás bem..? - Perguntei baixinho. Claro que está!

- sim, estou. porque perguntas ? - arqueei a sobrancelha e pela quarta vez o meu copo foi cheio. provavellmente ele estava preocupado que eu me embebedasse ao ponto de ficar a cair para o lado mas o meu corpo habituara.se a beber. - ja posso beber legalmente

- Por nada, por nada.. Está bem, Thea. Só não te quero ver por aí a cair.. Tu, costumas beber assim tanto? - Perguntei apenas, arregalando depois os olhos - Ahm, não leves a mal.. Aqui o parolo sou eu - Ri baixinho. Por acaso, é bem verdade. Sou pior que os cotas cheios de responsabilidades. Se calhar tenho de deixar de ser assim e soltar-me mais.

- sim, costumo - encolhi os ombros - ja tou tao habituada que acho que ja nem fico bebeda - suspirei, bebendo o quarto copo de seguida - tambem nao e por quatro copos que vou ficar bebeda - voltei a elevar o braço e mandei.o deixar a garrafa - e alem do mais ja tenho 21, posso muito bem beber a vontade

- Ahm sim, claro que podes. Tu é que sabes o que fazes, eu não tenho nada a ver com isso.. - Afirmei, encolhendo igualmente os ombros. Até lhe fazia companhia, mas sinceramente não me apetece nada beber. Não estou para bebedeiras, e depois, tenho de ir trabalhar amanhã...

- estou de ferias, tenho de aproveitar - enchi o copo eu mesma e voltei a bebe.lo - queres um pouco ? - perguntei, esticando.lhe a garrafa - e so pedires. eu pago - avisei.o

- Ahm, não obrigado.. Não quero começar a beber, antes que depois me descontrole, apanho bebedeira e amanhã não consigo ir trabalhar como deve ser - Ri baixinho e encolhi os ombros, recusando a garrafa. Se bem que a vontade de beber começa a crescer... Mas não, não posso!

- tu e que sabes - encolhi os ombros e recebi uma mensagem. olhei para o telemovel, fazendo caretas porque conseguia ler mal, afinal ja devia estar um pouco bebeda - parece que amanha paramos.. - tentei focar as letras - alemanha e ta nublado - fiz careta - obrigada senhor capitao - resmunguei

Contive uma risada ao vê-la com dificuldade em ler a mensagem. Parecia que o álcool já estava a fazer efeito no seu organismo - Alemanha? Eh.. - Fiz uma careta e abanei a cabeça, como se estivesse a dizer que não a alguém - Não é o meu sítio preferido.. E céu nublado também não é lá muito do meu agrado

- Ja estive la, nada de especial - encolhi os ombros e voltei a guardar o telemovel - tambem quem é o capitao que manda mensagem a esta a avisar que amanha chegamos a alemanha ? - perguntei num tom de resmungo e levei a garrafa aos labios - que horas sao ? - perguntei, nao me apetecendo tirar o telemovel do bolso. dava muito trabalho

- Eu também lá estive, por isso é que fiz uma careta - Ri baixinho e puxei o telemóvel do bolso, abrindo a mesma MMS que ela tinha recebido, do capitão, acerca da paragem. Olhei depois as horas e arrumei novamente o telemóvel - Meia noite e cinquenta e um - respondi-lhe, olhando novamente para ela.

- é cedo, muito cedo - resmunguei e pus a garrafa a boca, bebendo metade do conteudo dele - pode ser que as outras paragens sejam melhores que esta

- Vais ver que sim. Alemanha também não é o meu sítio preferido para ir, mas pronto.. Que se há-de fazer? - Ri baixinho e encolhi os ombros. Eu também não ia puder ir visitar tão bem como ela, visto que tenho de trabalhar. Mas já lá fui e não é grande coisa.

- nao me interessa onde paramos desde que me divirta, por mim e igual - disse, sentando.me com as pernas a chines. emborquei quase a garrafa toda e olhei o mar que ja era distorcido por causa da bebida

- Fazes bem.. Espero que te divirtas bastante em todas as paragens.. - Afirmei, olhando-a. Ela já me parecia estar bem bêbada, mas o feitio continuava o mesmo. Ela parecia estar um pouco zonza, o que é normal, com a quantia de álcool que ela bebeu. Encolhi os ombros face aos meus pensamentos e olhei também o mar. Devo ir embora?