Jardim/ Praça

Caminhei pelos jardins até ir dar à praça; olhei em volta, vendo que era uma hora sossegada.
Sentei-me num banco à sombra e tirei o meu livro da mala, começando a ler onde tinha deixado a leitura.

Erik estava insuportavel e nada o acalmava. Decidi mete-lo no carrinho e ir dar volta pelo jardim. nada de espaços verdes como era obvio, apenas umas ruas, como se fosse uma cidade. afinal aquele barco era uma especie de mini cidade. sentei.me num banco a apanhar um pouco de sol enquanto abanava o carrinho

O meu telemóvel começou a tocar no bolso e atendi, rapidamente despachando a minha mãe.
Voltei a pôr os olhos no livro e, quando levantei o olhar, arregalei os olhos ao ver Ethan. Parecia que nos andávamos a seguir, credo.
Desviei o olhar e cruzei as pernas à chinês, pousando o livro sobre as mesmas. Fartei-me de ler a primeira linha da página, sem conseguir estar atenta. É que, fogo!, ele estava ali ao lado e... e era Ethan.

finalmente o bebe acalmou, fazendo.me soltar um suspiro. encostei a cabeça ao banco e fechei os olhos, sentindo o sol. devia ir a piscina ver como as vistas estavam, certamente mais agradaveis do que aqui. dei uma vista de olhos pelo local, deparando.me com pearl do outro lado num banco. so podiam estar a gozar comigo

Comecei a brincar com os cantinhos das páginas, distraída; prendi o cabelo num coque, continuando a olhar o livro.
Sabia que ele se calhar nem me ia dirigir mais a palavra. Mas isso não me devia fazer diferença, não é? Nunca me tinha dirigido, sem ser para pedir o seu almoço ou jantar, mesmo não sabendo quem eu era. Mas agora custava... Muito.

revirei os olhos e ignorei.a. mandei mensagem a babbysitter da noite anterior porque ia precisar dos serviços dela novamente e fiquei ali. se erik tava calmo e quieto, eu nem me ia mexer dali.

Quando me apercebi que já nem aquilo servia de distração, fechei o livro e respirei fundo; levantei-me e caminhei até Ethan, segurando o livro contra o peito e tendo a mala no ombro.
- Ethan... - chamei baixo, ao ver que Erik estava sossegado no carrinho e eu não queria assustá-lo. - Desculpa. - pedi mais uma vez. - Eu... eu não te disse logo porque pensei que nunca te irias dar com uma empregada... Quer dizer, porra, eu sirvo-te sempre que lá vais e tu nunca me reconheceste e... Eu não sei. - disse baixo, olhando o chão.

olhei para ela, arqueando o sobrolho. revirei os olhos e cruzei os braços ao peito, adotando uma expressao seria - estas a insinuar que eu sou futil e só me dou com gente rica ? - perguntei - ou algo assim. é que se eu nao te reconheci nao foi propositadamente - encolhi os ombros e olhei erik - afetou.te assim tanto eu ter.te chamado mentirosa, foi ? para teres vindo pedir desculpa e porque te sentiste culpada

Engoli em seco ao ouvir o seu tom de voz e continuei de olhar voltado para baixo, a fitar o chão; a minha mão apertou a lombada do livro com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos e vi-me obrigada a piscar muito os olhos.
- Eu... não, não achei isso. - disse num tom baixo. - Simplesmente... - mordi o lábio. - Sempre me pareceste impossível de manter contacto. - admiti, mordendo depois a bochecha por segundos. - Eu... eu não sei explicar-te. - disse depois. - E és meu patrão. - disse ainda mais baixo. - Eu nem sequer te devia estar a tratar por tu! Nem sequer devia ter aceitado a bebida que me ofereceste ontem. - engoli em seco mais uma vez, sentindo as minhas bochechas ganharem uma tonalidade avermelhada.
Enfrentei o seu olhar finalmente.
- Só porque não te disse "olha, sou a empregada que te serviu ainda ao bocado, nem sequer olhaste para mim" já me julgas mentirosa? - abanei a cabeça, afrouxando a força com que apertava o livro. - E não, não me sinto culpada.

respirei fundo, apertando os punhos junto do meu corpo - a tua unica obrigaçao era responder que eu te conhecia do golden, nao precisavas de dizer que eu so te conhecia assim de vista - revirei os olhos levantando.me - a minha mae era empregada antes de subir de posto para dona do cruzeiro. a minha mae nao era rica como eu agora sou, muito pelo contrario e ela agora esta com o meu pai, nao esta ? alem do mais o meu pai nunca proibiu relacionamentos entre empregados e patroes - disse irritado

Fechei os olhos com força ao ver que ele continuava completamente irritado comigo. Eu tinha sido assim tão má?! Senti lágrimas rolarem-me pela face e, sem pensar, levei as mãos à mesma para as limpar, deixando cair o livro no meio do chão.
Bati-me mentalmente e baixei-me para apanhar o livro, voltando a agarrá-lo com ambas as mãos contra o peito.
- Não me conhecias de vista, sequer. É mais complicado do que tu possas pensar, Ethan. - porque estou completamente apaixonada por ti! e isso é impossível de puder dizer-te. 
Dei um passo atrás quando se levantou e mordi o lábio com força, tentando controlar o meu impulso de desatar a correr dali para fora e ir trancar-me no quarto.
- Não digo que... tenham dito que era impossível. - disse baixo e olhei-o, sentindo a vista turba. - Só que... tu pareces impossível de aproximar. - abanei a cabeça. Cala-te, Pearl, não fales demais!

Fechei os olhos tentando acalmar.me quando ela começou a chorar - tambem nao precisas de chorar - aproximei.me e agarrei no seu braço, puxando.a para a abraçar. limpei.lhe as lagrimas e respirei fundo umas vezes, tentando desvanecer a minha raiva - nao sou assim tao impossivel pelos vistos. estas.me a tocar, nao estas ? - acariciei os seus cabelos - as coisas so sao complicadas se tu as fizeres complicadas

Estremeci quando agarrou o meu braço e me abraçou, limpando-me depois as lágrimas.
- Desculpa... Sou uma explosão de emoções. - disse baixinho para justificar o facto de estar a chorar.
Fechei os olhos quando senti as suas mãos percorrerem os meus cabelos e mordisquei o lábio inferior nervosamente. Um dia ainda ia fazer feridas de andar sempre a mordê-lo! Se é que já não as tinha.
- Estás chateado comigo, não estás? - perguntei baixinho. - Tu é que me estás a tocar. - tentei brincar, apesar do ambiente. - Não... As coisas por vezes são mesmo complicadas. - abanei a cabeça ligeiramente, lembrando-me de mil e uma coisas complicadas pelas quais tinha passado com apenas vinte anos.

- claro que estou, nao te ia enxotar so por seres empregada do meu pai. - revirei os olhos - ja namorei muitas raparigas que nao eram ricas, tambem ja curti com muitas que eram empregadas e nao morri e nem apanhei doenças - encolhi os ombros - neste caso nao eram muito complicadas, tu é que as tornaste complicadas - suspirei e ouvi erik refilar - a serio mano ? - falei para o bebe

Engoli em seco quando referiu ter namorado com muitas pessoas e curtido, sem apanhar doenças. O que era suposto eu dizer àquilo? Que tinha namorado muitos ricos?!
- Não estejas chateado comigo. - pedi baixinho. Optei, então, por não tecer qualquer comentário quanto ao resto. Eu não sabia o que dizer. E também dispensava ter sabido, apesar de conhecer a fama que ele tinha por ouvir outras comentarem. Mas muitas coisas também podiam ser mentira, e eu quase que apostava que muitas eram.
- Sim, eu devo ter complicado um bocadinho... - ao me apaixonar por ti, claro está.
Mordi o lábio quando Erik começou a resmungar lá na sua língua de bebé.
- Posso pegar nele? - perguntei, a medo. - Gosto de bebés...

- força, se ele morder eu nao me responsabilizo - desapertei o cinto e peguei.o ao colo, passando.o para ela - nao suporto que me mintam ou omitam coisas pearl - olhei.a, sentando.me no banco enquanto ela pegava nele - pois complicaste, nao sou nenhum bicho so porque sou rico

- Ele não me vai morder. - encolhi os ombros levemente e peguei cuidadosamente em Erik depois de ter pousado o livro e a mala dentro do carrinho de bebé, tocando-lhe na pontinha do nariz com um dedo. - Nhe, não é uma chucha, é um dedo. - disse-lhe baixinho quando o vi abrir a boca para o meu dedo.
Olhei para Ethan e engoli em seco.
- Não foi com essa intenção que eu não te disse que era... a Pearl, a trabalhadora. Simplesmente... - abanei a cabeça. - Quis ser simplesmente a Pearl, a rapariga de vinte anos que foi a um bar porque lhe deu na cabeça. Não queria que me identificasses com a Pearl do restaurante. - suspirei e voltei a olhar para Erik, dando-lhe miminhos na bochecha. - Desculpa se te fiz pensar que pensei que eras um bicho. - disse baixo.
Boa Pearl, continua a comportar-te assim, miúda.

- mas eu disse que te conhecia de algum lado, podias dizer que era do restaurante. podias ter dito que me tinhas atendido. eu nao te ia enxotar e ir a procura de outra. - encolhi os ombros - e foi so por isso que me afastaste quando te ia beijando, porque sou teu patrao ?

Olhei-o por segundos, mordiscando o lábio.
- Desculpa, Ethan. - voltei a pedir. - Pela milésima vez. - disse baixo, abanando a cabeça.
Olhei para Erik e toquei-lhe no narizinho mais uma vez, sorrindo ao vê-lo a rir-se.
- Sim, foi por causa disso. Não sabia como ias reagir quando... soubesses.

- nao ia reagir mal, es uma rapariga como todas as outras - passei o braço por cima do seu ombro, pousando.o no banco - e porque é que te afastas.te se nao era isso que querias ? - perguntei, roçando o meu nariz na sua bochecha - eu sei quando uma rapariga reage e tu reagiste e querias

- Pois. - disse baixo. A parte do "como todas as outras" é que estragava tudo. Quer dizer, na realidade eu estava à espera de quê? De ser especial para ele só por ter uns lindos olhos azuis? Claro que não. Quer dizer, ele era o Ethan Cruise!
Mordi o lábio e fechei os olhos quando seu nariz roçou na minha bochecha.
- Acho que já te expliquei o que pensei. - disse, mordendo o lábio. - És capaz de conhecer, és. - abanei a cabeça. E não duvidava nada!
Miúda, estás sentada com o teu amor impossível, com o irmão dele nos braços. Não desmaies e respira. Isso!

- e agora se eu avançar, tambem te afastas ? - perguntei, aproximando.me mais o meu corpo do seu. rocei os meus labios na sua bochecha, dando.lhe um leve beijo - vais.te afastar mesmo depois do que eu te disse ? - perguntei junto ao seu ouvido

Mordi o lábio levemente e engoli em seco, sentindo os seus lábios roçarem na minha bochecha. Se ele avançava, eu morria. Estava dito.
- N... Não sei. - disse baixo. - Eu... eu não sou como as outras, Ethan. - disse baixo, abanando ligeiramente a cabeça e olhando Erik que permanecia sossegado no meu colo.

- eu tambem nunca disse que eras igual as outras - beijei o seu pescoço, levando a mao a sua cintura e puxando.a para mim - mas vais dizer que nunca fizeste uma loucura ? - perguntei - uma aventura - sorri, mordendo o labio