The Golden Time

Assenti quando disse que não queria mais nada e virei-lhes as costas de seguida, voltando para perto do balcão. Aproveitei para me apoiar ao mesmo enquanto o chef não colocava lá os pratos e suspirei pesadamente. Uma das empregadas perguntou-me se estava tudo bem, e eu disse rapidamente que sim e que não se passava nada. Como eu, quando quero, sou muito convincente, ela não reparou que realmente se passava algo. Fui acordado dos meus pensamentos quando O chef anunciou em voz alta que estava pronto e colocou os pratos à minha frente. Recompus-me rapidamente e peguei nos mesmos, voltando para a sala de jantar, dirigindo-me apressadamente para a mesa deles. Tentei, ao máximo, não olhar para a Thea. Mas como é que isso é possível? Para além de a amar profundamente, ela estava lindíssima hoje. Deve gostar mesmo muito dele, para se aperaltar assim toda para vir sair com este paspalho. Mordi discretamente o lábio e coloquei os pratos na mesa, em frente de cada um.
- Bom apetite. Se precisarem de alguma coisa, basta chamarem-me. - Informei, baixando o rosto e virando costas. Reparei no tal homem que me parecia estranho. Fiz uma pequena careta, de forma discreta e aproximei-me dele. Ele estava de punhos cerrados, como se estivesse muito stressado, enervado, chateado e muito, mas mesmo muito irritado.
- Está tudo bem, senhor? - Perguntei educadamente, olhando o seu prato. Não tinha comido praticamente nada. Ele pegou na sua mala e colocou-a no seu colo.
- Está tudo óptimo, obrigado. Pode ir embora. Não o chamei, pois não? Então vá-se embora! - Ordenou num tom autoritário e rude. Eu não ia com certeza contrariá-lo. Se diz que está bem, é porque está. Quando estava a chegar ao balcão e me ia encostar ao mesmo, ouvi uma voz masculina. Era aquele homem.
- Todos para o chão! AGORA! - Gritou ele. Quando me virei para a sala de jantar, ele estava de pistola na mão, apontando para várias pessoas. Vi Thea a levantar-se enquanto ele estava de costas. Não percebi se ia tentar escapar ou armar-se em heroína. ele dirigiu-se rapidamente até ela e bateu-lhe com a cana da sua pistola, na cabeça, não sei muito bem onde ao certo. Eu corri de imediato na direcção deles, tentando fazer algo.
- Thea!! - Gritei ao vê-la no chão, com sangue a escorrer-lhe pelo rosto. Eu bem que estava a ir na direcção dela e quase que a alcancei, mas o homem agarrou-me e puxou-me para si.
- Tu não vais a lado nenhum! És um chato, sabes? Sempre a meteres-te onde não és chamado! - Disse num tom relativamente alto, apontando-me a arma à cabeça. Eu arregalei os olhos e permaneci imóvel, sentindo a sua mão agarrar o meu braço com imensa força. Estavam agora todos no chão, e os que se atreviam a olhar, dava para ver o horror e pânico que sentiam através das expressões faciais. Mas ninguém estava tão aterrorizado como eu. Ele acabou por me largar e voltar para a Thea, segurando-a pelo braço, obrigando-a a levantar-se. Eu interrompi de imediato.
- Não, por favor! Não lhe faça mais nada, por favor, imploro-lhe! Faça a mim. Fui eu que o chateei, lembra-se? Faça a mim. Bata-me, mate-me, faça o que quiser, mas não lhe volte a tocar, por favor - Implorei-lhe. Ele gargalhou e empurrou-a, fazendo-a cair novamente no chão. Voltou novamente para perto de mim, agarrando-me com força. Apontou a arma à minha cabeça e eu permaneci imóvel uma vez mais, olhando Thea que estava à minha frente, no chão.
- Muito bem, tu ofereceste-te. Tu vens comigo para ali. E vocês ficam todos como estão! Ai de vocês que se armem em engraçados! - Avisou, obrigando-me a caminhar lá para dentro.

Fui então com ele para dentro. Ele estava constantemente a olhar para trás, certificando-se de que ninguém estava a fazer algo que não fosse suposto. Eu aproveitei e olhei também, para ver Thea. O paspalho estava a abraçá-la. Bem, ao menos está a tentar reconfortá-la. Ouvi-a gritar o meu nome e eu tentei que o homem me soltasse, mas foi em vão. Ele riu-se da situação e empurrou-me contra a parede com toda a força que tinha. Bati com a cabeça na mesma e resmunguei qualquer coisa ao sentir a dor.
- Calou! Alguém te disse que te podias queixar? - Perguntou alto e rudemente, olhando-me. Virou-se para trás e olhou para Thea, rindo-se novamente - Tão querida... Não a vou matar a ela... Mas vou matar o teu queridinho, rapariga! - Gritou-lhe, rindo-se novamente. Virou-se para mim e apontou-me a arma. - Para o chão, já - Mandou, e eu fi-lo de imediato. Assim não conseguia ver Thea, nem ela a mim, porque eu estava atrás do balcão. Ele apontou-me a arma e preparou-se para disparar. Eu fechei os olhos e mordi o lábio, sentindo uma lágrima.
- Desculpa Thea. Eu amo-te - Murmurei para mim mesmo, sem abrir os olhos. Segundos depois abri-os, mas voltei a fechá-los de imediato quando disparou quase na minha direcção, rindo-se. Todos gritaram, e eu permaneci imóvel. Não sentia nada... Ele disparou contra a parede, mesmo ao meu lado. Fez-me sinal para ficar calado e quieto quando abri os olhos.

Este homem estava mesmo pronto a causar o terror e o pânico. E, o pior de tudo é que está disposto a matar quem quer que seja. Eu estava ligeiramente aliviado por ele não me ter alvejado. Respirei fundo e mordi o lábio. Olhei para o meu lado esquerdo, vendo o buraco que a bala fez. Voltei a olhar para ele que me sorriu e virou as costas. Começou a caminhar novamente para a sala de jantar e eu fiquei quieto.
- Ouviram? Ouviram bem? Óptimo. É o que acontece se me chatearem muito ou se se aramarem em engraçadinhos. Se o fizerem, morrem como aquele que ali está. Oh sim, queridinha, o teu amor morreu. Opá, agora que penso nisso, se eu o tivesse feito à tua frente era melhor... Seria épico, tipo Titanic - Riu-se e continuou a falar. Eu aproveitei e gatinhei, espreitando sempre para ver se ele não se virava. Eu não sabia o que fazer ao certo, mas tinha de fazer alguma coisa, enquanto ele estava distraído! Peguei numa das facas e comecei a aproximar-me sem fazer barulho, enquanto ele falava com Thea e outras pessoas. Ia fazendo sinal para não olharem para mim e para ficarem calados, como se não estivesse ali. Assim que cheguei perto dele e fui para lhe espetar a faca nas costas, não fui capaz. Mas tinha de o fazer. Vi um segurança do outro lado do restaurante que me fez sinal para o fazer e eu aproveitei e espetei-lhe a faca nas costas. Nesse momento, os seguranças e polícias entraram, correndo até ele e desarmaram-no. dando-lhe alguns murros e algemando-o depois. Eu afastei-me de imediato e passei as mãos pelos cabelos, ainda bastante arrasado com aquilo tudo. Procurei Thea com o olhar e corri até ela - Thea!! - Pus-me no chão de imediato e o Tom largou-a, deixando-me abraçá-la logo a seguir

Abracei-a com força contra o meu corpo, mas sem a magoar. Estava apenas a reconfortá-la e a abraçá-la com carinho. Dei-lhe beijinhos na face que não tinha sangue e voltei a abraçá-la Shh, pronto.. Eu estou bem... Ele não me acertou, ele disparou contra a parede... Oh Thea, tive tanto medo de te perder. Eu preferia que ele me matasse ou torturasse do que fizesse isso a ti.. - Confessei sincero, num murmúrio, perto do seu ouvido. Aconcheguei-a a mim e depois lembrei-me que estava ferida - Como te sentes? Dói-te muito? - Perguntei preocupado, ajudando-a a levantar-se depois - Anda, precisamos de ir tratar disso, vamos à ala hospitalar Thea, por favor.. - Pedi, segurando a sua mão

- Eu não aguentava ver-te sofrer, não aguentava vê-lo a fazer-te mal. Eu sou capaz de morrer por ti, Thea. Eu amo-te. Sempre te amei e continuo a amar-te - Confessei sincero, abraçando-a novamente com carinho contra mim. - Não, eu não me vou afastar. Nunca mais, princesita. Eu fico contigo, vá.. - Murmurei, acariciando as suas costas. Dei-lhe um beijinho carinhoso nos lábios e olhei a sua ferida. - Precisamos de ir à ala hospitalar, anda.. - Sussurrei, começando a sentir-me todo a tremer. Éramos dois treme-tremes, literalmente. A adrenalina passou, e eu agora sentia-me... Em choque e assustado.