Room 205

Respirei fundo várias vezes quando ele me largou, tentando regular a minha batida cardíaca. Agarrei-me aos ombros dele para ter a certeza de que não me desequilibrava. Aquela make out session tinha dado comigo em doida. Sanidade, onde estás? Nowhere to be found! - Não, não quero dormir. Mas devi dormir. E tu também. - desci uma mão pelo braço dele até agarrar a mão dele e puxei-o comigo para a cama - Eu nem devia ficar aqui! Mas tenho pena de ti. - ri-me, levantando as duas sobrancelhas ao olhar para os boxers dele.

-Eu sou tão bom, que tu nem andar consegues - ri-me quando ela se agarrou ao meus ombros.
-Eu posso ficar acordado até tarde, não sou nenhum bebé - revirei os olhos.
-Se é para teres pena de mim, eu vou à casa de banho e trato do assunto - ameacei.

-És é tão podre que até me falta a respiração. - dei uma gargalhada. Sentei-o na cama e ajoelhei-me ao lado dele. Empurrei-o para trás até estar deitado e passei uma perna por cima do corpo dele, subindo para cima dele de seguida - Eu também não sou um bebé, mas preciso de umas boas horas de sono. Para recuperar a minha sanidade mental, sabes? - não consegui evitar uma gargalhada - Cala-te Simon daqui já não sais. - inclinei-me e dei-lhe um beijo rápido nos lábios.

-Podre de bom - fiz um ar convencido e deixei-me sentar quando ela me empurrou para a cama. Num instante, já estava deitado e ela em cima, fuck.
-Pensava que já não a tinhas - fiz uma careta e agarrei na cintura dela - Então e agora? O que é que tu vais fazer?

-Não. Podre mesmo podre. Malcheiroso, asqueroso, essas coisas todas. - rocei o nariz na bochecha dele, descendo pelo maxilar e depois até ao pescoço - E não tenho, mas há esperança de que ela volte parcialmente durante a noite. - dei-lhe beijinhos no pescoço que num instante se tornaram em beijões, com direito a língua e mordidelas - Agora vou dormir aqui em cima de ti. - sorri e parei com tudo o que estava a fazer. Deitei a cabeça no ombro dele e pousei-lhe as mãos no peito.

-Sim, claro - ri-me e aproveitei que ela estava de rabo alçado e dei-lhe uma apalpadela - Eu se fosse a ti, não tinha muitas esperanças - o canhão já estava em mau estado e ela ainda o estava a piorar.
DORMIR? Ela só podia tar a gozar! E mesmo assim, eu não sou do tipo de gajo que faz esse tipo de coisas.
-Eu não consigo dormir assim. Eu não sou do tipo de cuddle.Desculpa.
Porque é que eu lhe estava a pedir desculpa?

-Hey! - reclamei quando ele me apalpou - Mantém essas mãozinhas quietinhas que já são 2 da manhã. Já passa muito tempo da tua hora de deitar, bebé. - passei-lhe a mão pelos caracóis. Sentei-me de novo para poder sair de cima dele - Fine. Eu durmo só a teu lado. Se quiseres até me posso ir embora. - olhei-o à espera de uma resposta.

-As minhas mãos estão aqui e quietinhas - levantei as mesmas no ar - Bebé? Já te disse que não sou nenhum miúdo, até aposto que sou mais velho que tu, ou seja tu é que já devias estar a dormir.
-Ah, não, não! Podes ficar! - normalmente não gostava que ficassem a dormir comigo, mas por alguma razão desta vez não me importava.

-Não és nada mais velho que eu. Eu tenho 24. - menti só para o calar. De certeza que ele não era mais velho que isso. Saí de cima dele e depois da cama, indo até ao interruptor da luz. Apaguei-a - Agora shiu. - ordenei. Caminhei com muito cuidado pelo quarto para não cair mas as minhas preces não foram ouvidas. Tropecei e caí - CONA DA MÃE! - gritei. Felizmente caí direitinha em cima da cama. Suspirei de alívio e deitei-me bem, tendo o cuidado de não me chegar de mais para ele. Ao contrário dele eu adorava estar agarrada a pessoas. Principalmente se essa pessoa fosse um deus da fruta.

-Ah pronto, afinal não, mas como é que tu és 4 anos mais velha que eu? - Oh meu isto era ainda melhor do que eu pensava - Piu - disse quando ela me mandou calar.
-Estás bem? - perguntei quando a ouvi gritar. A tua cona também, foda-se.
-Dorme bem, Madison - desejei e virei-me para um lado, acabando por adormecer.
De manhã, acordei em cima de algo fofo. Abri os olhos e eram as mamas de Madison, mas meh, nem me ia dar ao trabalho de sair dali. Olhei para o relógio e ainda era cedo para ir trabalhar.

-Porque a minha mãe decidiu ter um bebé 4 anos mais cedo que a tua. - ri-me - Estou estou. Felizmente tinha a tua querida cama para me amparar a queda. Nunca falham. - fiz festinhas na cama dele e virei-me para o lado oposto do dele. Nunca tinha dormido com um rapaz e ainda bem que não estava a ser muito awkward, caso contrário o meu coração podia não aguentar - Tu também, Simon. - bocejei. Assim que ficamos em silêncio a minha mente começou logo num turbilhão de pensamentos. Era daquelas pessoas que quase escreviam um livro antes de adormecer e, esta noite, a personagem principal era o rapaz deitado a meu lado. Arrepiei-me quando comecei a sentir cócegas no meu corpo que não tardaram a cessar. Senti algo quente contra o meu corpo. Virei ligeiramente o pescoço e deparei-me com a cara de Simon, muito perto da minha. Olhei depois para baixo e vi que a coisa quente contra mim era o corpo dele. Para quem não gostava de cuddles.... Sorri e mexi-lhe nos caracóis até eu mesma acabar por adormecer.
Na manhã seguinte, quando abri os olhos, a primeira coisa que vi foi uma cabeça cheia de caracóis. Em cima das minhas protegidas. Tentei não me passar da cabeça. Ele está só a dormir, Madison! Provavelmente se não estivesse era a mesma coisa mas pronto. Fiquei quietinha durante um bocado até que após alguns minutos assim atrevi-me a acariciar-lhe as costas com a mão ao de leve.

Acho que tinha acabado por adormecer desde que vi as horas no relógio, porque acordei com algo nas minhas costas.
Abri os olhos e reparei que ainda estava em cima da Madison. Bocejei e olhei para cima.
-Bom dia - a minha voz ainda estava meio grogue.

-Bom dia. - respondi em italiano. Não o queria ter feito mas o facto de ele estar todo ensonado e a voz dele ainda mais rouca do que o normal fez-me perder o raciocínio - Bom dia, quero dizer. - corrigi-me - Supostamente era eu que devia estar em cima de ti, não tu em cima de mim. - brinquei, subindo a mão para os adorados caracóis.

Revirei os olhos quando ela falou outra vez em italiano, mas logo percebi que ela se tinha enganado.
-Ahh, desculpa, eu não sei o que faço durante o sono - saí de cima dela e sentei-me na cama.
Olhei para o relógio e vi que já tava quase na hora de entrar.
-Merda! Tenho de me despachar!

-Não faz mal. - sentei-me, ficando apoiada na palma das mãos. Ri-me ao vê-lo tão apressado para ir trabalhar - Fico feliz por ver que és um menino aplicado. E eu tenho que me ir embora. - levantei-me da cama e apanhei o meu vestido do chão. Mordi o lábio quando memórias da noite passada me invadiram a mente. Abanei a cabeça, agora não eram horas de pensar nessas coisas. Deslizei para dentro do vestido e fui até ele, virando-me de costas - Aperta, please. - pedi.

-Não é ser menino aplicado, eu sou nadador-salvador, existe muita gente maluca neste navio e tenho medo que alguém se afogue - peguei nos calções de banho e fui num instante vesti-los para a casa de banho. Aproveitei, lavei os dentes e dei um jeito ao cabelo.
Apertei o vestido de Madison quando ela me pediu.
-Não te esqueças aqui de nada - disse.

Mordi o interior da bochecha. Eu devia saber que ele ser simpático comigo não ia durar muito - Não trouxe mais nada. - elevei as mãos no ar sem muito entusiasmo. Sentei-me na cama para calçar as sandálias e assim o fiz - Adeus Simon. Não te preocupes que eu não te incomodo mais. - caminhei até à porta, abri-a e saí.

Senti-me um bocado culpado por estar a ser um bocado frio com ela, mas é só uma rapariga, vocês nem fizeram nada de especial.
-Uhh, adeus?? - olhei para ela confuso e saí um bocado depois dela.

Fui o caminho todo até ao barco a cantar a plenos pulmões apenas parando para me rir - Os meus pais são surdos. - aquilo não tinha mesmo piada nenhuma mas lá estava eu outra vez a rir-me. Tapei a boca com a mão e fiz força porque sabia que se a destapasse ia ter um ataque. Felizmente chegamos ao quarto em segurança. Saltei para o chão e corri até à cama dele. Subi e comecei a saltar - Wi, wi, wiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Um homem passou por nós e começou a olhar muito chocado. Eu dei-lhe um olhar de desespero e ele começou-se a rir.
Fechei a porta à chave, não fosse ela sair disparada e atirar-se para o mar.
Ela saltou do meu colo e foi a correr para a minha cama.
-Cuidado, para não a partires - pousei as chaves e sentei-me numa cadeira.

-Não sou pesada! - gritei-lhe de volta. Continuei a saltar dando voltinhas enquanto o fazia. Acabei por perder o equilíbrio e cair na cama. de barriga para baixo. Ri-me à gargalhada, enterrando a cabeça na almofada para as abafar. De seguida, levantei-me e fui-me pôr ao lado da janelinha redonda que havia no quarto - EU QUERO VOLTAR PRA ILHA!!! - bati na janela com força.

Comecei-me a rir também, a figura dela estava-me a meter tanta piada.
-Madison, a ilha é a cama, o chão é a água, se saíres da ilha afogas-te! - avisei girando na cadeira.

-O QUÊ? - virei-me para ele com uma verdadeira expressão de pânico. Corri para a cama e mandei-me lá para cima - SIMON, NADA DEPRESSA, VEM PARA A ILHA! - estendi as mãos para ele mas o chatarrão não vinha - If you jump I jump. - fiz um ar dramático e saltei para o chão. Deitei-me no chão e comecei a rebolar ao mesmo tempo que cantava a música do titanic.

-Eu estou numa ilha só minha - disse enquanto tentava não me rir mais. Ai que pancada!
Levantei-me da cadeira e peguei-a ao colo.
-Anda de novo para a ilha, vá - pousei-a lá e sentei-me também.

-Não podes estar numa ilha só tua. Só há uma ilha! - já instalada no colo dele fechei a boca e mexi os braços para fingir que estava a nadar. Quando ele me sentou na cama abri-a - Sobrevivemos os dois!!! Yay! - bati palmas - Mas não está bem! No titanic, o Leo morre. Desculpa Simon, mas não podemos quebrar a história. - puxei o vestido até às ancas para não o rasgar e atirei-me para cima dele.