Locais Estratégicos

Fui ate ao hospital sem pressas. Nao queria ve.lo, nao queria encara.lo mas teria de o fazer. Entrei no hospital e expliquei a situaçao, levaram.me ate ele. entrei no quarto e nao disse nada, fiquei em silencio a porta sem o olhar, custava demasiado estar ao pe dele

O ambiente naquele quarto estava sem dúvida intenso - e não pelos bons motivos. Estava feliz por a ter ali, ainda que não fizesse a mínima ideia do porquê de ter desmaiado ou o que me tinham feito. Ainda não tinha falado com ninguém - Não queria magoar-te, Aqua. Juro. - disse, com a voz rouca.

- nao fales - disse, sentindo as lagrimas inundarem os olhos - dizes mais alguma coisa e eu vou.me embora - ameacei. virei.me de costas para ele, limpando as lagrimas. nao queria ouvir a sua voz. porque raio nao podiam ter ligado ao pai dele ? era muito mais facil

Onde é que tinha a cabeça? Não sabia mesmo, não sabia o que me levara a fazer sexo com os outros... Então fez-se luz. Drogas. Só me podiam ter drogado - Estou aqui por causa das drogas, não estou? - perguntei, na esperança que ela me respondesse.

- Sim estás. Tiveram de fazer uma lavagem ao estomago e agora vais ser transferido para a enfermagem do cruzeiro. eu vou esperar la fora - avisei apesar dele agora nao ter mais nada a ver com a minha vida. eu só o queria fora dela.

- Aqua não! - Tentei que ela não saísse do quarto sem antes me ouvir - Não percebes? Fui drogado por eles. Eu não fiz aquilo por vontade própria. Eu nunca te faria isso!

- Não mac. foste drogado porque deixaste, nao me interessa se injetaste, se consumiste, se snifaste mas a culpa é tua se o fizeste. e nao venhas dizer que nao sabias o que estavas a fazer porque para estares a fazer sexo com alguem tens de ter noçao do que fazes, drogado ou nao. - disse, entre lagrimas - quem tinha razao era aquele modelo. ele disse que nao ia demorar muito ate me traires e realmente nao demorou - sai do quarto, batendo a força com força. deixei.me escorregar pela porta ate ficar sentada no chao

- Merda! - levei as mãos à cabeça. Cerrei os punhos, sentindo uma enorme raiva por tudo o que deixara acontecer, especialmente por ter magoado Aqua daquela maneira.

a enfermeira chegou ao pe de mim para avisar que o iam transferir. limpei as lagrimas que caiam e assenti, abrindo a porta do quarto. mudaram.no de maca para ser mais facil deslocarem.no e levaram.no ate a ambulancia. la por ir ali sentada nao significava nada, era so porque mais ninguem sabia onde estavamos. indiquei o caminho ao condutor e sentei.me a um canto calada.

Odiei a viagem até ao cruzeiro. Odiei que Aqua não me falasse, que nem sequer olhasse para mim. Odiava-me por aquilo que tinha feito, ainda que tivesse sido contra a minha vontade.

Quando chegamos ao cruzeiro tive de explicar onde era a enfermaria. apesar da minha tentativa de comunicaçao era mais facil se eu os levasse, era so seguirem o meu caminho - so mais um pouco aqua - falei para mim

Revirei os olhos perante a estupidez daquilo tudo - Aqua, podes ir embora a partir de agora. Estás livre de mim - Disse aquilo num tom mais normal possível e contudo houve alguma emoção que escapou.

Ele nao precisou de dizer aquilo duas vezes. expliquei aos enfermeiros a razao de nao precisarem mais de mim para nada - agora estás livre de mim para fazer sexo com quem quiseres - atirei, limpando as lagrimas com raiva - parabéns

- Sim, porque é mesmo isso que quero - respondi num tom irónico. Estava a ser um idiota mas não o conseguia impedir, os nervos e o tratamento que ela me estava a dar deixaram-me assim.

- se o facto de te ter apanhado com o membro dentro de outra nao foi esclarecedor o suficiente, a nossa relaçao esta terminada mas nao precisas de te incomodar em ser discreto no barco porque eu no fim da semana apanho o aviao para casa - avisei.o. fugir era sinal de cobardia mas nao aguentava muitos mais meses no barco a cruzar.me com ele constantemente

- Como queiras! - quase gritei, não contendo a raiva que sentia. Estava a correr tudo mal, tudo. Estava a perdê-la!

assenti e olhei para a maca. eu amava.o tanto, eu tinha.lhe dado tudo de mim e sentia.me.. sentia.me arruinada por dentro e sentia que estava um caco por fora. senti uma grande lagrima correr pelo meu rosto mas nem tentei evita.la. sentia que tinha amado, tinha.me entregue a ele em vao. afastei.me e fui para o meu quarto para arrumar as malas

Eu era como um bloco de pedra. Por fora estava rígido, frio, trancado. Não havia emoções a passar pela minha face. Se me permitisse sequer mostra um bocadinho só da dor que sentia, ia explodir.

Parecia que para ele nao tinha importancia termos acabado, quando saira da enfermaria ele nao mostrava emoçoes, sem arrependimentos, sem tristeza, sem nada o que piorava a minha dor porque parecia que eu era a unica que realmente tinha sido verdadeira com os sentimentos. Atirei a mala frustrada contra a parede e comecei a chorar novamente, doia demasiado.

Fiquei o resto do dia na enfermaria. De noite pedi alta e saí de lá. Sentia-me melhor, já sem dores de cabeça, apenas um bocadinho fraco. Suspirei, sem saber o que fazer a seguir. Tinha de arranjar uma solução com Aqua. não podia simplesmente perdê-la sem lutar primeiro.

Tinha acabado por adormecer a chorar, não me apercebera que o fizera por causa do cansaço. A minha viagem a itália tinha sido arruinada porque nem do quarto me apetecia sair e assim foi, deixei.me ficar no quarto o dia todo

podes responder no quarto da aqua.