Bar/ Pub

- achas, nao ia gozar com uma perola rara - toquei com o dedo no seu queixo - entao e o que te trouxe a este cruzeiro em particular, ja deves ter percebido que nao e muito normal

Mordi o lábio nervosamente.
- Não serias o primeiro a gozar.
Olhei-o quando me tocou no queixo.
- Queria dar uma escapadela. - fiz uma careta e desviei o olhar novamente, bebendo um bocado.
Aguenta-te, Pearl. Respira fundo.

- ha muitos cruzeiros que nao sao como este, ja reparaste nos cartoes e no quao nos separam em termos monetarios - mostrei o braço que brilhava com o meu "saldo" - escolheste o cruzeiro errado

Encolhi ligeiramente os ombros e olhei para um ponto qualquer.
- Gosto de desafios. Isto é um desafio. - fiz uma pequena careta.

- gostas de desafios, é ? tenho um no meu quarto que a esta hora ainda nao deve dormir - ri.me, lembrando.me de erik. ele só adormecia quando eu cantava para ele, por isso era bem possivel que tivesse a chorar com sono mas nao cedesse.

Arqueei o sobrolho e olhei-o.
- Que desafio? - perguntei, um bocadinho confusa. O que raio se podia ter de desafiante no quarto? Uma faca?

- um desafio que vais gostar bastante, queres vir ? - perguntei, esticando a mao para ela me dar - nao te vou morder, eu pelo menos nao. - ri.me - queres ver o que é ?

Mordisquei o lábio e acabei a minha bebida.
- Sim. - encolhi os ombros. Pearl, olha o que estás a fazer!
Pousei o copo vazio no balcão e dei-lhe a mão, sentindo o meu coração a bater descompassadamente. Respira! Respira!

- hey, sabes qual e a minha conta. as bebidas sou eu que pago - apontei para nos os dois e puxei.a dali para o meu quarto. eu apostava que ela nao estava a pensar que eu tinha um bebe no quarto, mas isso e que fazia parte da surpresa.

O dia antecedente marcou-se pela minha chegada ao cruzeiro, devido a viagem de avião até ao porto que havia realizado o meu corpo encontrava-se cansado e isso foi a minha razão para apenas ter vontade de deambular até ao meu camarote vasto e eminente,que por sinal era demasiado grande para uma rapariga só e fechei os olhos tentando esquecer por momentos que navegava em cima de um oceano. Quando acordei já mais de metade do dia havia escapulido, e em pouco tempo a luz do dia deu lugar ao bonito luar que eu mirava pela minha janela ignorando o mar por completo.
Com todas as mixórdias após o banho, do creme, perfume, continuação da higiene diária e ainda com o aprimorar de detalhes o tempo escasseava-se rapidamente. O vestido que embargava não era curto, faltava-lhe apenas dois palmos até ao joelho e isso para uma rapariga da minha altura não era nada a não ser um mero detalhe; todavia ainda dava para se apreciar de forma mesmo vistosa as minhas pernas esguias e bem torneadas. O  seu decote era escasso, alias inexistente apenas as minhas costas se encontravam desnudadas, mesmo assim essas tapadas pelos meus cabelos loiros ondulados; a branquidão do meu vestido contrastava vivamente com o tom a minha pele, que por esta altura já se encontrava bronzeada.
Peguei delicadamente na minha mala e saí, despedindo-me da solidão que já habitava no meu novo camarote. Tentei habituar-me aos meus saltos aveludados de cor preta novos e mal o fiz perambulei acompanhado a direção da multidão que saia dos seus quartos para aproveitar o resto da noite.
Desviei-me de algumas pessoas tendo assim um acesso mais fácil até ao bar, e mal lá cheguei sentei-me cruzando quase de forma automática as penas e fitei-o fazendo sinal de forma a ele se dirigir a mim e escassear a minha necessidade descomunal de beber algo. - Boa noite, era um cocktail de frutos, por favor. - murmurei e atentamente acompanhei o senhor a quase deslizar uma garrafa de álcool para o meu copo, porém a minha voz parou-o. - Sem álcool  por favor. - suspirei e paguei dando-lhe o meu cartão.  Brinquei um pouco com a bebida antes de a finalmente provar e fitei o palco mal as luzes se apagaram e a única coisa brilhante eram as luzes que apareciam naquele sitio, a multidão apenas corria para lá e eu lentamente deambulei até uma mesa perto do palco, sentando-me lá sozinha e fitando o mesmo de forma a desvendar a minha curiosidade.

Já era uma coisa habitual a banda atuar no bar do cruzeiro mas de todas as vezes sentia um frizinho na barriga que me fazia ficar nervoso. Espreitei por entre as cortinas de veludo vermelho, vendo uma imensa multidão. Sorri e olhei para os elementos da banda, fazendo sinal que entravamos dentro de trinta segundos. Voltei a espreitar e vi o meu irmão a falar com uma rapariga loira, aquele rapaz nunca ia mudar. Assim que o empregado nos apresentou e a mutidão ficou eufórica, entramos em palco dando inicio a um dos muitos concertos

O meu olhar estava preso a bebida, apenas o desviei mal ouvi o nome da banda. Coloquei as minhas mãos em cimas da mesa de vidro, sentindo aquela sensação fresca característica daquele tipo de material.
Fitei o vocalista, após deambular o meu olhar por todos os membros, e deixei-me encantar tanto por ele, como pela sua voz. Uma das razões que encontrei para tal encanto de todas as raparigas presentes foi aquele seu olhar brilhante azul que era praticamente igual à cor do mar. De uma de muitas tentativas lá o desviei e acabei com aquela bebida que deixava uma textura suave na boca o que acompanhava todo aquele sabor tropical da mesma. Como não tinha nada para fazer apenas me deixei estar sentada, peguei no meu telemóvel e entretive-me um pouco enquanto o concerto não acabava...era impossível passar com todas aquelas pessoas ali.
Mal o concerto acabou e as pessoas começaram a circular escapuli para a varanda e agarrei o corrimão com força, devido ao meu medo parvo, e fitei o oceano suspirando e vendo-me um pouco perturbada de não ver terra à minha volta.

O concerto tinha corrido bastante bem, como sempre. Sorri orgulhoso de mim mesmo e sai do bar para apanhar um pouco de ar visto o ar estar quente e abafado. olhei para o meu lado esquerdo e vi uma rapariga com um ar ligeiramente enjoado e agarrada a um poste - está tudo bem ? - perguntei, aproximando.me lentamente para ela nao se assustar - precisas de ir a enfermaria ?

A brisa era acompanhada de um cheiro tipicamente de mar, o meu cabelo esvoaçava um pouco por todo aquele ambiente e o silêncio era quebrado pelas leves ondas que embatiam no cruzeiro. Uma voz fez-se ouvir e interromper toda aquela odisseia emocional gerada por mim outrora. - Sim, está obrigada. - murmurei esboçando um sorrindo para o mar. -Não, não é caso. Agradeço novamente. - murmurejei em tom de agradecimento e finalmente desviei o olhar de encontro com o rapaz, associando-o rapidamente à figura no palco, porém não quis desvendar essa minha descoberta para que não se sentisse de fora do seu ambiente. - Lia, Lia James. - apresentei-me estendendo a minha mão de forma delicada para ele. Aquele cheiro era interrompido por um novo aroma que misturava e combinava de forma perfeita e harmoniosa os nossos perfumes. Olhei para ele esperando que se apresentasse também.

- Jack, Jack Cruise - apertei.lhe a mao, dando.lhe um beijo sobre a mesma - parece.me que nao gostas muito de estar no mar, estas ligeiramente esverdeada - fiz uma careta e aproximei.me dela - se fores vomitar avisa que eu vou pedir um balde ou entao debruça.te sobre o barco, nao sobre mim - disse em tom de gozo

Os seus lábios suave sobre a minha pele meio que me arrepiaram, a diferença das temperaturas era evidente. -  Eu não vou vomitar. - murmurei acabando por soltar uma leve gargalhada a luz da lua e de todo aquele ambiente propicio de uma bela noite. - Só...acho que vi o titanic muita vez. - o meu tom de gozo foi especialmente notório, não um erro da minha parte, era propositado.
Fitei o seu olhar azul e confirmei a minha suposição que outrora havia suposto enquanto ele cantava deveras bem, o seu olhar era como um toque macio, suave e o seu tom era harmonioso com o tom do mar. Aquelas cores reinavam.
A madeira apresenta-se um pouco molhada devido as altas ondas que se erguiam sobre o barco e maior parte das pessoas abandonava a parte exterior do barco e dirigia-se para o seu camarote ou para uma festa privada, quem sabe. O sabor dos frutos ainda permanecia na minha boca e o cheiro do cocktail ainda me fazia relaxar, não percebo o porquê de colocarem álcool dentro das bebidas. Delicadamente tirei a minha mão da sua e passei-a por uma parte do cabelo colocando uma mecha atrás da orelha e fitei-o novamente sem saber bem o que dizer.

- tens medo que o cruzeiro afunde, é ? - soltei uma leve gargalhada, olhando.a - nao te precisas de preocupar. ha botes suficientes para todas as pessoas e coletes salva vida tambem. alem do mais ando nele desde que nasci e nunca aconteceu nada assim - fiz um sinal com as maos, acabando por me sentar sobre a varanda - se viste demasiadas vezes o titanic e tens medo de barcos porque nao optaste por fazer uma viagem de carro ou comboio ?

-Talvez. - murmurei e mordi por dentro a minha bochecha, afinal o meu tom de gozo não foi tão explicito outrora. -  Sim claro, até porque nesse momento as pessoas não entram todas em pânico e como não há calma uma grande parte sofre com isso. - refleti um pouco segredando-lhe uma parte do meu medo e fitei-o. - Ui, desde pequeno? Wow... - exclamei num tom surpreendido, como é que alguém consegue estar ali tanto tempo.-Já foste a quantos países  - perguntei de forma curiosa e acabei por sorrir-lhe. Este jovem devia ter belas histórias para contar. - Porque há que superar os nossos medos, quero acabar este cruzeiro com o meu medo ultrapassado..e espero que com vontade de fazer outro. - acompanhei os seus movimentos e sentei-me ao seu lado cuidadosamente para que não se visse nada, antes disso tirei o meu casaco e coloquei-o no chão de forma a não sujar o meu vestido e só depois me sentei. Tirei os sapatos e prendi-os a mala e cuidadosamente coloquei-os um pouco fora do barco, retirando-os rapidamente mal estremeci de medo.

- nao sei, acho que ja percorri o mundo muitas vezes - encolhi os ombros, apoiando a mao atras das suas costas quando ela pareceu cambalear - sim, eu ando neste cruzeiro desde que nasci. sou filho do capitao, ossos do oficio - encolhi os ombros. aquele assunto era um habito para mim, ja nem fazia diferença andar em terra ou em mar. - devias ter escolhido uma viagem mais pequena, algo mais curto ou so de uma paragem, agora escolheste logo um cruzeiro que da a volta ao mundo, um cruzeiro que fica meses no mar. ma escolha lia - soltei uma gargalhada

A sua não nas minhas costas era algo reconfortante. - Ah... - murmurei e depois olhei-o nos olhos. - Oh..o meu pai e o teu andaram na escola e eram vizinhos. -confidenciei, o meu pai das poucas conversas que tinha comigo era para contar o quanto se divertia quando era mais novo e ao contrário de mim saia e não ficava agarrado aos livros; quando lhe informei sobre esta minha vinda para cá ele alegremente me confidenciou, como estou a fazer neste momento a ele, que era amigo do capitão do mesmo. - Nada má escolha Jack, se queres superar os teus medos não são viagens curtas que o vão fazer...alias isto vai ser muito bom para nós mesmos.Para..me descobrir. - sorri-lhe novamente e retrai o meu corpo mal o barco oscilou um pouco. - Então e estudaste aqui?- a minha curiosidade era tramada.

- a serio ? que coincidencia os nossos pais serem conhecidos. sendo assim tenho de te levar a conhece.lo - sorri, saindo da varanda - e melhor ires para dentro esta uma tempestade a formar.se - olhei o ceu - sim, estudei aqui. o tempo que passava em terra era escasso, entao tive auas particulares, agora estou a tirar um curso para ser biologo e oceanografo. o mar corre.me nas veias, nao sei o que é isso de ter de superar este medo

Sorri novamente e assenti. - Sim...parece-me uma boa ideia. -O meu sorriso acabou por desvanecer mal ele me aconselhou a entrar dentro pois uma tempestade estava a formar-me, inconscientemente olhei o céu e suspirei. - Estava um luar tão bonito. - o desagrado dessa noticia era tão marcada na minha voz como o cheiro do oceano. Acabei por me levantar e fitei-o.- Vens? - perguntei abrindo a porta, esperei pela sua resposta para entrar...ou para entrarmos ultrapassando assim depois a porta que nos distanciava do bar. - Oh, biólogo .isso deve ser tão giro. - acabei por sorrir. - Eu percebo-te, também não sei como é que as pessoas têm medo de sangue... são medos irracionais. Não tens medo de nada? - a minha mão vagarosamente passou por entre o meu cabelo deixando-o cair sobre as minhas costas assemelhando-se a uma cascata.

- claro, faço.te companhia ate la dentro - sorri e entrei com ela, segurando a porta quando ela a abriu. refleti na sua pergunta, na verdade tinha sido ensinado a ser um marine e marine nao tem medo de nada ou pelo menos nao pode aparentar - precisas de companhia ate o teu camarote ? - perguntei, apontando para a zona dos quartos - na verdade nunca pensei muito em medos - encolhi os ombros - homens nao tem medo de nada, foi assim que fui ensinado - sorri e passei o dedo por uma mecha do seu cabelo rebelde, pondo-a atras da sua orelha

Passei a sua frente de forma educada deixando escapar um murmúrio. - Obrigada. - agradeci tal gesto e depois fitei-o. - Não preciso, mas se não tiveres nada que fazer...agradecia. - voltei a brindar-lhe com um simples sorriso meu que se desabrochava como um botão de flor na minha cara, tornado a minha expressão noutra mais carinhosa.
-Não quero que me leves a mal, mas os Homens têm medo de alguma coisa sempre...- fitei-o após ciciar tal coisa. - Sempre. - voltei a insistir e depois sorri.- Aposto que tens medo de perder a tua família.- este medo era cliché, totalmente cliché algo revoltado, cuspido e voltado a mastigar. Era um medo cansativo, mas dos medos piores. O seu toque era tão suave, o seu dedo passou pela minha bochecha indo de encontro como meu cabelo onde colocou de forma gentil uma mecha atrás da minha orelha. Afastei-me um pouco acabando por me encostar num dos pilares do bar e fitando-o a espera de uma reação sua..

- esse medo é geral, todas as pessoas. homens e mulheres tem medo de perder a sua familia, ninguem quer perder os que ama. - sorri - eu tava a falar daqueles medos.. tipo escuro, aranhas, mar.. - exemplifiquei, encolhendo os ombros - nao me lembro de nada que tenha medo - expliquei - eu acompanho.te - pousei novamente a a mao ao fundo das suas costas e empurrei.a gentilmente para os corredores dos camarotes - o teu camarote é em que andar