Praias

Suprimi um grito com a mão quando, ao vir ao de cima, me deparei com ele perto de mais de mim - Tenho 17. - respondi sem demonstrar qualquer emoção. Na verdade estava a tremer que nem uma vara verde por dentro. Nadei para longe dele. As nossas proximidades eram sempre perigosas de mais e não podia voltar a queimar-me.

-Ah boa, afinal não tens 12, boa - tentei brincar com a situação. Porque é que ela me tinha mentido? Não havia mal nenhum na idade.
-Hey, porque é que estás a fugir? - perguntei e nadei até ela.

Não me ri da "piada" dele, coisa que não era normal em mim. Normalmente teria-me rido e dado-lhe logo uma resposta mas desta vez não - Não estou a fugir. Estou a nadar. - olhei para trás e, apesar do sol, consegui vê-lo nadar na minha direção. Nadei mais depressa para longe dele.

-Então porque é que estás a nadar cada vez mais depressa? - perguntei, apressando-me também - Mas olha que tu depois cansas-te e não vai ser bonito voltares para trás

-Porque quero nadar depressa!! - ugh, será que ele não percebia que eu não o queria perto de mim? Parei de nadar ao ouvir o que ele tinha dito. Era verdade. Em vez de nadar para a frente comecei a nadar para os lados - Deixa-me! - gritei-lhe.

-Hey! Estás irritada porquê? Que mal é que eu te fiz? - perguntei parando de nadar. Ainda tinha pé ali.
Ela estava chateada por razão nenhuma, gajas... quem é que as vai entender?

-Não estou irritada. - revirei os olhos - Só não quero que estejas ao pé de mim. - se lhe dissesse a verdade era muito mais fácil. Nadei até estar a uma distância considerável dele e depois parei.

-Porquê? - perguntei, sentando-me dentro de água.
Olhei para ela que estava a uns metros de mim e não disse mais nada.

-Porque... não sei! - bati na água. Ele nem estava a fazer nada de especial e ainda assim eu estava toda frustrada e prestes a ter um ataque de maluquice.

Arregalei os olhos enquanto ela se passava e decidi não me aproximar mais, ela ainda me matava.
Mas ao vê-la assim frustrada, deu-me uma vontade repentina de rir. Não por gozo, mas porque era giro vê-la assim.

Nadei apressadamente para a margem antes que me desse um impulso e fizesse alguma coisa de que me viesse a arrepender mais tarde. Sentei-me à beira de água e enterrei as mãos na areia com bastante força - Ugh!!! - deitei-me para trás.

Saí da água também e sentei-me ao lado dela.
-Eu não saio daqui até não me explicares porque é que estás a fugir de mim e porque é que me mentiste.

Fechei os olhos assim que o vi vir na minha direção. Não pode haver contacto visual - Só menti para te calar. - encolhi os ombros. Decidi ignorar a outra pergunta. Era melhor.

-Okay. Então porque é que fugiste de mim? - perguntei outra vez - E olha que podemos ficar aqui o dia todo até tu me responderes.

-Fugi porque tenho medo de ti. - disse a primeira coisa que me veio à cabeça - És feio e assustas-me. - na verdade tinha mesmo medo dele mas não eram essas as razões.

Comecei-me a rir desalmadamente.
-Tu és hilariante - disse - Como se eu acreditasse nisso. Não há que ter medo, comigo. Eu não faço mal a uma mosca - okay isso era mentira, eu era um bocadinho perigoso.

Ergui a sobrancelha quando ele se começou a rir. Eu cá não achava piada nenhuma. Só de pensar na cara dele dava-me era logo vontade de chorar e rebolar no chão - Está bem. - virei-me de lado na areia, pois a tentação de abrir os olhos estava a aumentar e assim podia tê-los abertos.

-Okay, okay, não tem piada, mas tu metes piada quando estás frustrada - acalmei-me e ela virou-se para o outro lado.
-Anda lá Madison, não é preciso estares amuada!

-Não estou amuada! - cerrei os punhos. Estava mais frustrada do que amuada propriamente. Já me tinha passado mais um bocadinho o amuo - Só não quero que olhes para mim e muito menos me toques! Se estiveres calado também ajuda. - brinquei com a areia para me distrair.

-Não me podes impedir de olhar para ti - e de te comer com os olhos - Quanto às mãos, a areia já se está a vir com as coisas que eu lhe estou a fazer - enterrei as mãos na areia e comecei a fazer cenas.

-Tens razão, não posso. Mas tu podias ser solidário e contribuir um bocadinho. - tapei a boca com a mão que não tinha areia assim que o ouvi dizer aquilo. Fechei os olhos com força e tentei eliminar os pensamentos maus e indecentes que me estavam a surgir na mente - Bom para elas. - vacilei um pouco.

-Eu não sou solidário - semicerrei os olhos.
-Se quiseres também podes experimentar um bocado... eu aposto que adoraste ontem à noite, ter as minhas mãos a passear por aí - apontei para o corpo dela.

-Mas devias ser. Só te fazia bem. - encolhi os ombros. Graças a Deus que estava virada de costas para ele caso contrário era capaz de ter sucumbido àquele pecado andante - Nem por isso. - tentei demonstrar-me desinteressada.

-Meh.
Gatinhei até à Madison e fiquei atrás dela. Limpei as mãos de areia e espetei um dedo, levemente na sua cintura.
-A mim não me enganas.

Suspirei de alívio ao ouvir o som que ele tinha emitido. Parecia ter desistido. Ou então não. Dei um salto quando senti algo tocar-me na cintura. Olhei nessa direção e vi o dedo gigante dele, que era capaz de fazer dois dos meus - Eu disse para não me tocares! - rebolei uma vez na areia.