Room 204

Entrei rapidamente no meu camarote e pousei com alguma pressa a única mala que trazia numa das mãos junto de uma das beiras da cama. Fiz por breves instantes movimentos ligeiros com ambos os braços numa tentativa de aliviar a dor acumulada do peso que há minutos estivera em minha posse.
Suspirei. Mas por que tive eu de optar por isto? Um saco desportivo teria servido simplesmente para albergar tanto utensílios como várias peças de roupa, mas concordara em levar aquela amostra de bagagem ainda que a custo. Timothy avisara-me que teria de ir o mais preparado possível, pois nunca se sabe quando o desnecessário se torna útil sobretudo em empregos como este. Se bem que até valera a pena o esforço.
Presenciara, assim como outros tantos que haviam concorrido a trabalho naquele cruzeiro, a aparência cativante e politicamente correcta do Capitão Cruise à medida que este se fazia recorrer de uma lista de avisos pelos quais todos os funcionários teriam de se reger. Por momentos, conseguira imaginá-lo num quarto, recluso na sua própria privacidade, a desbotoar a camisa branca que envergava naquele dia em câmara lenta. Ou como seria tê-lo por cima de mim, vulnerável e subjugado ao que lhe proporcionaria com várias hipóteses de clímax. Se alguém me podia julgar por ter uma realidade distorcida, contudo, bastante imaginativa e fértil? Nem por isso. Isto porque decerto haveria pessoas com personalidade distintas e igualmente depravadas capazes de ir mais além do que o simples desejo. Tendo em conta que tivera uma parte do dia deveras produtiva, resumir-me ao meu turno no Lounge seria um consolo.