Room 205

Voltei a acenar negativamente e enfiei a cara nas mamas dela.
-A sério, não insistas.

-Okay, mas não penses que foi a última vez que falamos no assunto. Ainda não me conheces bem mas digo-te já que desistente é coisa que eu não sou. - subi a mão pelas costas dele, aproveitando para o acariciar, e parei nos caracóis. Diria que eram a minha parte preferida do corpo dele mas depois haviam coisas como mãos, voz, costas, lábios, rabinho. Ele todo, resumindo.

Podia ser que com o tempo ela se esquecesse.
-Isso vê-se - ri-me e meti a língua de fora para lamber os meus lábios mas acabei por lamber uma das mamas dela - Foi sem querer - desculpei-me logo.
Fechei os olhos e aproveitei os miminhos que estava a receber. Normalmente elas só queriam foder e ir embora.

Não consegui evitar um gemido baixinho que me saiu dos lábios assim que a língua dele me tocou nas mamas - Não faz mal. - corei. Ainda bem que ele não me conseguia ver a cara. Enterrei a mão por completo nos caracóis dele e fiz-lhe massagens ao mesmo tempo que entrelaçava as nossas pernas. Esperava que ele não se importasse com aquilo.

-Até assim gemes - provoquei.
-Continua a fazer isso, sabe bem - pedi suspirando felizmente.

-Não foi um gemido. - menti - Foi um bocejo deficiente. - claro, com essa consegues enganá-lo. Continuei com o que estava a fazer e rocei as nossas pernas. Dei-lhe um beijinho no cabelo e inalei o cheiro dele.

-Mmmhmm - revirei os olhos e prendi as pernas dela nas minhas - Pára quieta ou vou ter de ir à casa de banho - resmunguei e abracei-me mais ao corpo dela.

-Desculpa, não sabia que isso também acordava o teu amigo. É sensível, ele. - ri-me, parando com as pernas que agora estavam presas nas dele. Deixei-o abraçar-me ainda mais. Fi-lo olhar para mim por momentos e dei-lhe um beijo na testa, voltando depois à posição inicial.

-Somos todos sensíveis - resmunguei outra vez.
Olhei-a quando ela me obrigou a fazê-lo e aproveitei para lhe fazer uma careta.
És uma puta carente, Simon.

-Não resmungues comigo. - fiz beicinho apesar de ele não estar a ver. Ri-me da careta dele e dei-lhe mais beijinhos no cabelo. Não me cansava de lhe dar miminhos nem por nada.

Puta carente, mas nem te importas.
-Fala-me sobre ti - pedi, olhando para cima.

Baixei o meu olhar surpreendido para ele quando me pediu para falar de mim - Não há muito para contar sobre mim. O meu pai é americano e a minha mãe italiana. Vivo em Itália, ando na escola, tenho alguns amigos fixes. Nada interessante. - encolhi os ombros. Que horror. Agora que o dizia em voz alta a minha vida parecia mais secante que normalmente - Agora é a tua vez.

-Por isso é que és assim toda fogosa - levantei uma sobrancelha.
-Todo inglês, só tenho o meu pai e é só - havia muito mais, mas não ia contar tudo assim.

-Toda fogosa? - dei uma gargalhada - Não sabia que era assim tão fogosa. - continuei a rir, parando para o ouvir falar - O que é que aconteceu à tua mãe? - perguntei sem pensar duas vezes - Desculpa, não devia ter perguntado. - apressei-me a dizer.

-Não faz mal - abanei a cabeça - Já foi há muito tempo. Eu tinha 12 e ela tinha cancro, não havia nada a fazer.

Abri a boca para dizer alguma coisa mas não me saiu som nenhum dos lábios. Em vez disso apertei Simon mais contra mim e abracei-o com força. De seguida, voltei a entrelaçar a mão no cabelo dele e voltei às minhas carícias.

O abraço repentino dela apanhou-me de surpresa, mas soube bem.
Decidi calar-me por uns instantes, não querendo chorar ali. Inspirei e expirei fundo algumas vezes e já estava bem.

O que se seguiu ao abraço foi silêncio. Senti a respiração dele mais pesada contra mim durante um bocadinho mas depois voltou ao normal - Então? Não te cales! Eu gosto de ouvir a tua voz. - meti-me com ele para aliviar o ambiente. Não queria que ele ficasse triste por minha causa.

-Não me apetece falar muito - murmurei e sentei-me na cama e pus-me a olhar para a parede - Mas podes continuar aqui.

-Simon... - sentei-me também. Odiava vê-lo assim. Não sei porquê mas a visão dele triste fazia-me crescer uma dor horrível no peito e um nó na garganta. Aproximei-me dele e passei os braços à volta do seu corpo. Encostei a cabeça no peito dele e dei-lhe beijinhos - Estou aqui. - murmurei.

Apenas acenei a cabeça afirmativamente e murmurei um obrigado, envolvendo-a nos meus braços.
Desde quando é que te tornaste numa deprimido? Precisas é de férias.

Fechei os olhos e rocei o nariz ao de leve no peito dele. Fui subindo pelo ombro, pescoço até chegar ao maxilar. Aí dei-lhe um beijinho e voltei a encostar a cabeça ao peito dele. Era tão bom reconfortá-lo, saber que os meus abraços ajudavam.

Ajeitei-a no meu colo e dei-lhe um pequeno sorriso.
Fechei os olhos por uns momentos e deixei-me estar assim.

-Estás bem? - perguntei baixinho, afastando a cabeça do peito dele para o poder olhar - Não gosto quando não estás bem. - toquei-lhe numa das covinhas com o indicador.

-Estou - acenei a cabeça e beijei-lhe a testa - Para quem me odiava há uns dias, estamos a progredir - e estou de volta.