Room 304

- vai.te embora - gritei de cima da cama. abrindo uma cerveja. - vai - mandei, acabando por beber a garrafa toda de seguida - vai.te embora - mandei embora outra vez quando ele bateu na porta. atirei a cerveja contra a porta, estilhaçando.a toda

Levei a mão ao puxador e tentei abrir a porta. Damn it, trancadissima. Levei a garrafa à boca e bebi mais um bocado, voltando a bater à porta com força - Vá lá Thea, abre-me a porta - Disse alto, batendo com a cabeça na porta repetida e propositadamente

- podes bater a vontade, eu na vou abrir a porta. so vai fazer com que chamem o segurança e te levem daqui - disse - vai.te embora. nao disseste para eu ir ? entao eu vim embora e agora nao te quero aqui ! - gritei a ultima parte

Continuei a bater com a cabeça na porta enquanto a ouvia - Abre a porta se faz favor! Não saio daqui enquanto não me abrires a porta..! - Gritei também, sentando-me depois no chão, com as costas encostadas na porta. Bebi mais um pouco

 - entao nao saias, eu nao quero saber - disse e liguei a televisao, pondo o som relativamente alto para nao o ouvir. ele que ficasse ali, dormisse ali, fizesse o que quisesse ali maseu nao o deixava entrar

- Pois não saio, vou ficar aqui à espera! - Disse bastante alto, continuando a beber. Não me interessa que ela não abra, eu vou ficar aqui à espera que ela se decida a fazê-lo!

nao lhe respondi e fiquei a ver televisao. ele ia apanhar seca ali e era de noite, ia dormir no chao, nao que me importasse. quando o sono me atingiu acabei por me despir e desliguei tudo, deitando.me naquela maravilhosa cama e adormecendo em segundos

Continuei a beber até não haver mais. Não sei se sou o único, mas depois de duas horas, se eu nao estiver distraído ou a fazer algo de interessante, o alcool da-me sono, e não é pouco. Ouvi-a a desligar a televisão e ri baixinho - Boa noite! - Disse alto, encostando-me depois melhor, fechando os olhos. Pouco tempo depois, adormeci.

Ele estava a ser um parvo e ainda dizia que me amava. De manha sentia.me bem, fresca. tinha dormido como nunca tinha feito naquele barco. levantei.me e fui tomar um duche, depois de vestir o meu biquini e uma roupa simples e sai do quarto. quando abri a porta, ele caiu para trás, ficando aos meus pes. revirei os olhos e passei por ele, indo tomar o pequeno almoço a piscina.

Assim que cheguei ao quarto fechei.me a chave e pus uma cadeira contra a porta. fiquei por momentos a olhar para ela ate que cai na realidade e comecei a chorar. como é que ele tinha sido capaz ? olhei para o meu braço vermelho-arroxeado e vi que nos proximos dias iria ficar pior. agarrei.me ao mesmo e fui.me deitar. so queria desaparecer dali

Depois de ter ficado uns tempos no quarto, recompus-me e caí em mim. O que raio é que se está a passar comigo? Isto não sou eu, eu nunca magoei ninguém, nunca quis fazer mal a ninguém, e hoje fiz o que fiz. Suspirei e ajeitei a roupa. Espreitei e fugi da ala hospitalar enquanto ninguém estava a ver. Fui até ao camarote dela. Encostei lá as mãos e a testa. Respirei fundo e comecei a falar então - Thea, estás aqui? - Perguntei, num tom ligeiramente mais elevado e calmo. Ao não obter resposta, continuei à mesma - Desculpa.. Eu não sei o que me deu, eu não queria magoar-te. Nunca quis, eu não sou assim. Perdoa-me... Eu sei que pedir desculpa ou não pedir vai dar ao mesmo, pois tu nunca me vais perdoar... Mas... Eu peço à mesma. Desculpa... - Murmurei a última palavra, e deixei-me ficar ali encostado mais uns momentos.

Sustive a respiraçao quando o ouvi e tentei não me mexer. se ele pensasse que não estava ali ninguem, iria embora e já não faria nada. ouvi o que ele disse mas não me pronunciei. ele nao me queria magoar ? foi ele que me agarrou o braço para me impedir de vir embora. Continuei sem me mexer na esperança que ele se fosse embora

- eu tenho quase a certeza de que estás aí.. E percebo o facto de nao quereres falar comigo ou ver-me sequer. eu nao sou aquilo, eu nunca fui assim, nao sei o que me deu.. mas talvez o melhor seja eu afastar-me. agora é a minha vez de dizer que, se calhar, mereces melhor do que eu.. desculpa-me, thea - afirmei, dando um passo atras

deixei escapar um soluço, tapando rapidamente a boca para ele nao me ouvir. ele ia.se embora e isto ia acabar. eu ia tentar desfrutar do resto do cruzeiro e depois quando fosse para casa isto tudo nao passaria de memorias. limpei as lagrimas e tentei ouvir o que se passava no corredor

Ouvi-a chorar por escassos segundos e arregalei os olhos. Bolas roy, só fazes merda! Mesmo que não faças tensões de tal, acabas sempre por fazer merda. - eu sei que estás aí.. - murmurei, sem voltar a aproximar-me. Talvez o melhor é eu afastar-me dela, ela nao merece um monstro idiota - desculpa-me. Eu nunca te esquecerei..

- porque é que o fizeste ? - perguntei, aproximando.me da porta - porque é que me marcaste o braço ao ponto de ficar negro ? - bati com o punho na porta com a voz rouca e nasalada por causa do choro - porque roy ?

- oh princesita.. - murmurei, aproximando-me novamente da porta, encostando-me à mesma assim que a ouvi - desculpa.. eu nao sou assim, nunca fui nem quero ser.. nao sei o que me deu.. eu estava alterado e com medo que fosses e nunca mais voltasses.. só espero que um dia me consigas perdoar.. nao sei o que me deu.. - mordi o lábio ao sentir as lagrimas - talvez seja o melhor afastar-me de ti, nao mereces isto - disse baixinho, sentindo as lagrimas a cair pelo rosto

- tu disseste que nunca me ias magoar, tu prometeste - encostei.me a porta - tu mentiste. - deixei.me escorregar por ela, ate chegar ao chao - porque é que prometeste uma coisa se nao podias cumpri.la ?

- eu nao te vou magoar.. nao e isso que quero, nunca foi nem será.. eu nao me apercebi de que te estava a agarrar assim com tanta força, so me apercebi quando disseste.. desculpa, eu nunca te quis magoar.. - murmurei, mordendo o labio com força

- tu nunca me devias ter agarrado. estás contente com o que se passou ? - bati com a cabeça na porta - nunca devias ter vindo falar comigo - levantei.me e limpei as lagrimas - so sabes quebrar as promessas que me fazes e esta foi a pior delas todas - peguei na cadeira que tinha encostada a porta e atirei.a para o outro lado do quarto

- é obvio que nao estou contente, thea! É isso que te tenho estado a dizer! Não te queria magoar e sem me aperceber foi o que acabei por fazer.. - fui interrompido quando ouvi um estrondo e assustei-me - thea! O que é que estás a fazer?? - perguntei preocupado

- nao tou a fazer nada, deixa.me - disse entre soluços - se realmente me amasses nunca me tinhas deixado o braço neste estado mesmo nao sendo de proposito - gritei

- eu não fiz de proposito, eu nem me apercebi do que estava realmente a fazer.. eu jamais faria uma coisa dessas se estivesse no meu perfeito juizo, thea.. e eu amo-te sim, eu sempre te amei e tu sabes disso. eu nao fiz de proposito, eu estava alterado e sob o efeito da porcaria da medicação, nao sei o que me deu.. so espero que um dia me consigas perdoar - murmurei, acabando por me sentar no chao ao meu sentir cansado

- cala.te - gritei - nao culpes a medicaçao. tu nao estavas medicado com nada de especial. tu sabias o que estavas a fazer e so fizeste porque quiseste - deixei.me escorregar pela porta - eu odeio.te, odeio.te - disse entre lagrimas

- nao, isso nao e verdade! eu nao me apercebi que o estava a fazer com tanta força, eu nao me apercebi que te estava a magoar! so dei conta quando tu me disseste e eu parei e olhei para o teu braço! - afirmei alto, para que me ouvisse. mordi novamente o labio e contive as lagrimas - nao digas isso.. - murmurei quando disse que me odiava